Bancos querem retirar direitos e reduzir percentual de PLR

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“Desrespeito, provocação e irresponsabilidade. Esse é o resumo da postura assumida pelos bancos”, resume o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, referindo à rodada de negociações realizadas entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, na tarde desta quarta-feira (24), em São Paulo, em que os bancos trouxeram uma proposta para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que gera redução do percentual distribuído pelas instituições financeiras à categoria – e ainda querem compensar o valor pago em programas próprios na parcela adicional. O Comando recusou a proposta.

Os bancos começaram a reunião propondo manter o texto da cláusula sobre PLR da CCT atual, com correção de apenas 6,22% sobre o valor do teto. Com a proposta apresentada, nos três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander) o percentual de distribuição na regra básica cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,89% neste ano. Na parcela adicional, a redução seria de 1,69% para 1,63%.

“O que a Fenaban fez na reunião foi partir para uma postura de provocar a categoria. Além de não apresentar uma proposta global e decente que atenda às necessidades da categoria, o que se vê por parte dos bancos em todo o país ao longo das últimas semanas, hoje se confirmando também, é que estão preparando e orientando os funcionários com relação à construção de um plano de contingência, brincando com as reivindicações legítimas dos bancários apresentadas em mesa”, denuncia o presidente do Sindicato, que integra o Comando Nacional, classificando a negociação desta quarta como a “gota d’água”. De acordo com Kleytton, “propuseram sem pudor e sem a mínima vergonha retirada de direitos em relação à PLR, reduzindo os percentuais de distribuição dos lucros para os trabalhadores e trabalhadoras, além de um índice de correção quanto aos pisos e tetos apenas da ordem de 6,73%, abaixo da inflação, portanto, e isso após recusada a primeira proposta pelo Comando”.

Kleytton ressaltou ainda que “não vamos aceitar isso, dentro desse contexto, aliás em qualquer contexto, em que os bancos sempre lucram, às custas da exploração dos trabalhadores e da própria população. Para se ter uma ideia, os cinco maiores bancos que atuam no país lucraram mais de R$ 50 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. O processo de achatamento dos salários, por meio das políticas de demissão em massa ativadas pelo sistema financeiro, quer seja também pelos processos de demissão via aposentadoria antecipada nos bancos públicos, e sem contratação de pessoal, potencializa por demais a questão da superexploração e intensidade do trabalho bancário, uma vez que temos menos trabalhadores – cerca de 84 mil a menos – produzindo uma riqueza que aumenta exponencialmente semestre a semestre”.

“Para isso vamos responder com mobilização crescente, com assembleia nesta sexta-feira, com a participação de toda a categoria, para dar uma resposta à altura para a Fenaban, e nos prepararmos, pois se é greve que eles querem, estaremos preparados para decretar greve – e arrancar uma proposta legítima e decente que os bancários e bancárias merecem. Vamos ganhar esse jogo”, arrematou.

Nova proposta com perdas

Com a nova proposta apresentada pelos bancos, o percentual distribuído nos três maiores bancos privados do país cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,85% neste ano na regra básica. Na parcela adicional a redução seria de 1,69% para 1,64%.

“Em 1995, os bancos já chegaram a distribuir, em média, 14% dos lucros a título de PLR. No ano passado caiu para 6,6% e agora querem reduzir ainda mais! É um absurdo!”, criticou a presidenta da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, ao observar que, no ano passado, foram distribuídos, em média, 45% dos lucros em dividendos aos acionistas e, para 2022, a média de remuneração anual da diretoria executiva dos maiores bancos está prevista para cerca de 9 milhões por diretor, valor 11,1% maior do que o de 2021.

“Mais um dia inteiro de negociação, com os bancos apresentando propostas rebaixadas, fazendo longas pausas na mesa para depois apresentar índices de reajuste que vão aumentando a conta gotas. Passaram de 6,22% para 6,73%. Já chegamos à décima quinta mesa de negociação e eles ainda não apresentaram uma proposta de índice para reajuste dos salários. É desrespeito com a categoria que constrói seus lucros bilionários”, criticou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.

“Com estes limitadores, o percentual distribuído é cada vez menor, porque os lucros crescem, mas os tetos e as parcelas fixas limitam a distribuição aos trabalhadores”, explicou a presidenta da Contraf-CUT.

Ferramenta de assédio

Com relação ao interesse dos bancos de querer compensar os valores pagos pelos programas próprios na parcela adicional da PLR da categoria, o Comando ressalta que será utilizada como mais uma ferramenta de assédio moral.

“Os bancos, por meio de seus gestores, vão utilizar como argumento para aumentar ainda mais as cobranças abusivas pelo cumprimento de metas”, disse a presidenta da Contraf-CUT.

“Compensar programas próprios na parcela adicional da PLR deixa os trabalhadores ainda mais vulneráveis às cobranças de metas abusivas. Não vamos aceitar”, acrescentou a presidenta da Seeb/SP.

Assembleia

O Sindicato convoca todos os bancários, de bancos públicos e privados, para assembleia geral extraordinária que será realizada nesta sexta-feira (26), em formato remoto, às 19h, em primeira convocação, ou às 19h30, em segunda e última convocação, quando a categoria vai avaliar e deliberar acerca da proposta apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) na mesa de negociação da Campanha Nacional 2022.

> Campanha Nacional 2022: Sindicato convoca bancários para assembleia remota nesta sexta (26)

Continuidade das negociações

A próxima reunião de negociação está marcada para esta quinta-feira (25), a partir das 14h, presencialmente, em São Paulo. Mas o Comando pediu para que os bancos avaliem a necessidade da reunião e ela aconteça apenas se houver propostas que reconheçam o trabalho da categoria.

Confira como foram as negociações até agora:

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Da Redação com Contraf-CUT