Três meses após primeira morte, Brasil tem mais de 46,5 mil óbitos por covid-19

Número de casos ultrapassa 950 mil e registros em 24 horas continuam acima de 30 mil. OMS apela para cautela redobrada

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Manaus – 17.06.2020 Sepultamentos voltam a ser feitos em covas individuais Foto.Altemar Alcantara.Semcom

De acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretarias de Saúde, os óbitos causados pelo coronavírus no Brasil somaram 46.510 entre terça (16) e quarta-feira (17). Em 24 horas foram reportadas 1.269 mortes. Pelo segundo dia consecutivo, o número de vítimas fatais ficou acima de 1,2 mil. Em três meses, desde a confirmação do primeiro falecimento causado pela doença no país, o crescimento segue em velocidade cada vez maior. 

Até agora não houve registro de queda em relação a períodos anteriores. O total de brasileiros infectados pela doença chega a 955.377. Desses, 32.188 foram confirmados no último dia. Na terça-feira, os registros diários alcançaram 34.918, recorde em 24 horas. Em todo o mundo, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos de casos e mortes.

A taxa de letalidade no país é de 4,9%. Os estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco seguem com índices significativamente acima dessa média, com 9,4% e 8,4% respectivamente. Entre os estados com maior número absoluto de pessoas que testaram positivo e de mortes estão São Paulo (191.517 casos e 11.521 mortes), Rio de Janeiro (86.963 casos e 8.138 mortes), e Ceará (84.967 casos e 5.282 mortes).

Nos últimos dois dias, diversas unidades da federação registraram resultados recordes. Por dois dias seguidos, São Paulo – que passa por um processo de reabertura de atividades econômicas – confirmou os maiores patamares de óbitos desde a chegada do vírus à região. Na terça-feira, foram 365 mortes, na quarta esse resultado chegou a 389.

Minas Gerais também registrou os resultados mais críticos desde o início da Pandemia nesta quarta-feira (17). Foram notificadas 35 mortes e há 221 suspeitas em investigação. O número total de óbitos no estado é de 537 pessoas. No Amapá, a capital Macapá iniciou abertura do comércio na terça-feira (16), mesmo dia em que foi registrado recorde casos: 1.211 infectados a mais que no dia anterior. Na terça-feira (16), o Mato Grosso também apresentou a marca mais preocupante do período em que o vírus circula na região. Foram 27 óbitos. Já no Mato Grosso do Sul, o número de casos na quarta-feira (17) foi o maior já registrado para um dia no estado, com 379 novas confirmações. 

Coronavírus ultrapassa a dengue em número de casos no Brasil


Evolução semanal da pandemia no Brasil / Arte: Bertolo

OMS pede garantias de distanciamento social
Nesta quarta-feira (17), o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que o cenário brasileiro é muito severo, apesar de alguns indicativos de que a velocidade do avanço da pandemia pode diminuir. Para isso, no entanto, o país precisaria garantir condições para que a população adote medidas de distanciamento social. 

“Este é o momento de redobrar a cautela, pois já vimos em outros países que uma estabilização pode rapidamente se transformar em um aumento”.

A taxa de contágio no país está 1,05. Isso é o mesmo que dizer que cada 100 pessoas doentes podem passar a doença para outros 105 indivíduos, relação que cresce a cada novo infectado. O patamar acima de 1 mostra que a transmissão no país está fora de controle.

Covid vai aumentar a pobreza
Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), aponta que a pandemia pode levar 83,4 milhões de pessoas à extrema pobreza em 2020 na América Latina e no Caribe. Outros 215 milhões de cidadãos, que já vivem em situação de pobreza, podem ter suas condições agravadas. 

Segundo o documento, após sete anos de crescimento lento, a região enfrenta a possibilidade de PIB negativo em 2020. Com trabalhadores vulneráveis, preços altos, desemprego e queda na renda, outro problema pode ser agravado: a fome, que até 2018 já atingia 53,7 milhões na América Latina e no Caribe.

O que é coronavírus?
É uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Fonte: Brasil de Fato