STF derrota bancos e mantém serviços bancários no Código de Defesa do Consumidor

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Após quatro anos e meio de tramitação, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta quarta-feira 7 de junho a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) apresentada pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) propondo a exclusão dos serviços bancários do Código de Defesa do Consumidor.

“É uma vitória importante dos sindicatos, dos órgãos de defesa dos consumidores e da população, que tem assim seus direitos preservados contra abusos cometidos pelos bancos”, comemora Jacy Afonso, presidente do Sindicato. “E acaba com a absurda pretensão dos banqueiros de estarem acima da lei, com privilégios inaceitáveis em um regime democrático.”

Os últimos quatro ministros do STF deram seus votos nesta quarta-feira, inclusive a presidente Ellen Gracie, todos pela manutenção dos consumidores bancários vinculados ao Código de Defesa do Consumidor — portanto, contrários à pretensão dos banqueiros. Com isso, acrescentaram-se mais quatro votos aos cinco que já haviam sido proferidos anteriormente, derrotando a Adin 2591 por 9 a 2.

O Consif entrou com a ação em dezembro de 2001. A decisão final levou quatro anos e meio, durante os quais os sindicatos, a Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e os órgãos de defesa dos consumidores (como Procons e Idec) travaram uma intensa disputa jurídica e de mídia com os bancos.

O Sindicato de Brasília desenvolveu uma série de atividades de esclarecimento à população, para denunciar a atitude antidemocrática e gananciosa dos bancos. A última atividade foi a divulgação de um jornal Bancário Cidadão, para clientes e usuários dos bancos. O principal texto do boletim é o seguinte:

“Banqueiros querem privilégio para explorar você
Sindicato dos Bancários de Brasília vem a público mais uma vez denunciar a ganância dos banqueiros, que enriquecem como nunca às custas da exploração de toda a população e dos bancários.
Além de contar com privilégios e facilidades, os bancos agora querem mais uma benesse para explorar você. E para isso, eles estão brigando na Justiça para excluir os serviços bancários do Código de Defesa do Consumidor. Isso significa que as leis que protegem você de abusos e irregularidades na hora da compra ou da utilização de serviços bancários não vão ter mais valor.
Em 2002, eles entraram com uma ação na Justiça para ficarem livres do cumprimento da parte do Código de Defesa do Consumidor que fixa os deveres dos bancos na venda de produtos e prestação de serviços aos clientes e usuários.
Ou seja, os banqueiros, que ganham dinheiro como ninguém no Brasil, cobrando os juros e tarifas mais caros do mundo e explorando a população, querem ficar acima da lei. Isso é inadmissível em um país democrático, onde a lei deveria valer para todos.
O Sindicato dos Bancários de Brasília está de vigília aguardando o desfecho desse processo. E espera que prevaleça o espírito republicano e democrático, segundo o qual todos são iguais perante a lei.
Até agora, cinco magistrados votaram contra os bancos e a favor da população. E dois deram votos favoráveis ao pleito dos banqueiros. Faltam ainda os votos de quatro magistrados. O próximo voto pode ser dado na próxima quarta-feira 7 de junho.
O Brasil não aceita mais injustiças e privilégios dos banqueiros.”