Sindicato e Comando voltam a cobrar da Fenaban medidas mais abrangentes para proteger a saúde da categoria

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Em nova negociação realizada com a Fenaban nesta segunda-feira (23), por videoconferência, o Sindicato e o Comando Nacional dos Bancários apresentaram uma série de medidas para serem adotadas pelos bancos diante da pandemia do novo coronavírus. São ao todo 17 pontos a serem implantados imediatamente a fim de resguardar a saúde dos bancários e da clientela em geral.

As negociação seguem nesta terça-feira (24), a partir das 15h, quando os bancos devem apresentar respostas às reivindicações.

A Fenaban, contudo, preferiu sair pela negativa e adotar um tom de ameaça contra os trabalhadores, como a de corte de ponto, por exemplo, inclusive com reflexos nos finais de semana, caso os bancários não compareçam ao trabalho por conta de decreto municipal ou estadual. A justificativa, segundo a Federação, é a de que categoria tem um grau de exposição aos riscos de contaminação menor se comparada a outros setores da economia.

Outra reivindicação negada pelos bancos foi a de garantir a ultratividade da Convenção Coletiva de Trabalho, que vence dia 31 de agosto, já que o calendário da campanha nacional dos bancários deste ano está comprometido por causa da pandemia.

Presidente do Sindicato fala sobre a negociação desta segunda; ouça

Para o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, “é de extrema gravidade o tom da Fenaban de querer amenizar os riscos de exposição da categoria ao contágio e transmissão da covid-19, o que demonstra que a preocupação sistemática dos bancos é com os resultados de lucros estratosféricos, com recordes a cada semestre”. Ele emendou: “Respondemos que a categoria não busca feitos heroicos, não fugirá ao seu papel, mas exige condições seguras para exercê-lo”.

O dirigente lembra ainda que a situação de combate à pandemia é tão crítica que, mesmo profissionais da área de saúde, com toda proteção e preparo para conduzir a situação, são contaminados. “Na Espanha, 12% das pessoas que adquiriram a doença e vieram a óbito estão nesse público. Portanto, não há espaço para negligencias. Nosso ponto é a defesas da vida”, comparou Kleytton, que é integrante do Comando Nacional.                                                                                        

Por outro lado, o dirigente também chama a atenção ao completo absurdo vindo do governo federal, quando, por exemplo, edita mais uma MP que ataca o direito dos trabalhadores. “O governo Bolsonaro, definitivamente, despe-se de qualquer compromisso com a civilidade e até mesmo com os valores da cristandade”. E dispara: “Senão, vejamos: enquanto nos EUA e na Europa os governo tomam medidas de proteção social para minimizar os impactos da pandemia, o Brasil segue na contramão, com o governo impondo a supressão de direitos trabalhistas e levando pânico à população, o que agrava ainda mais a crise”.

Kleytton se refere à Medida Provisória 927, editada por Bolsonaro na noite desse domingo (22), e que entre outros pontos que atacam os diretos dos trabalhadores, permite às empresas suspender o contrato de trabalho de seus funcionários por até quatro meses, sem remuneração. A repercussão foi de tal modo negativa que o governo se viu obrigado a revogar esse ponto da MP.

“O Sindicato envidará esforços e buscará os atores necessários para, juntos, atuarmos para resguardar os direitos das bancárias e dos bancários. Acompanharemos, cobrando dos bancos, todos os dias, a adoção de medidas protetivas, sem nos afastar da responsabilidade que nos cabe de tomar outras iniciativas, se assim a situação requerer”, complementa o presidente da entidade.

A Fenaban afirmou que irá avaliar as medidas sugeridas pelos representantes dos bancários e marcou uma nova negociação para esta terça-feira (24), às 15h.

O que os bancários reivindicam:

  1. Fechamento das agências bancárias e demais unidades;
  2. Suspensão das metas;
  3. Manter atendimento não presencial das atividades consideradas essenciais pelo decreto 10.282/2020; Que estabelece em seu artigo 3º § 1º inciso XX que são atividades essenciais no setor financeiro: “compensação bancária, redes de cartões de crédito e débito, caixas bancários eletrônicos e outros serviços não presenciais de instituições financeiras”.
  4. Agendamento para casos de atendimento presencial em caso de extrema necessidade;
  5. Redução da jornada para os que tiverem que ir ao local de trabalho;
  6. Garantia de deslocamento seguro para os que tiverem que fazer o atendimento não presencial de alimentação e processamento do auto atendimento;
  7. Disponibilizar máscara, luvas e álcool em gel para os que irão realizar essas atividades essenciais;
  8. Suspensão das demissões;
  9. Home office para todos os bancários e bancárias, com exceção de quem vai as agências para dar suporte ao funcionamento dos caixas eletrônicos. Devendo haver escala de revezamento. Não podendo ser incluído no mesmo os funcionários que estão nos grupos de risco; que não tem com quem deixar os filhos menores e àqueles que co-habitem com pessoas enquadradas no grupo de risco, ex dos pais idosos;
  10. Garantia da ultratividade dos Acordos e Convenções Coletivas até 31/01/2021;
  11. A MP 927 não será adotada sem negociação coletiva com o Comando;
  12. Suspensão dos descomissionamentos;
  13. Antecipação do Vale Alimentação;
  14. Que os bancos façam campanha na mídia orientando os clientes sobre o uso dos meios digitais; caixas eletrônicos e os riscos da contaminação do CORONAVÍRUS;
  15. Disponibilizar máscara, luvas e álcool em gel para os que irão realizar essas atividades essenciais;
  16. Suspensão dos vencimentos dos boletos por sessenta dias;
  17. Isenção de tarifas (clientes com renda até dois salários mínimos) de três transferências eletrônicas mês (TED E DOC) para diminuir a contaminação pelo uso de cédulas

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Da Redação