Sindicato dos rodoviários se mobiliza para impedir fim de contrato e cortes salariais dos trabalhadores

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O Sindicato dos Rodoviários do DF (Sinttrater) tem reafirmado o seu compromisso com a categoria e se posicionado contrário à suspensão de contratos e salários proposta pelas empresas de ônibus do DF. Em reunião entre sindicalistas, empresários e representantes do GDF, na manhã desta quinta-feira (26), mais uma vez, a entidade rejeitou a proposta que atinge 1.100 rodoviários. Um novo encontro está agendado para esta tarde, às18h.

Sob a justificativa de que não há recursos para arcar com os encargos trabalhistas − já que houve redução de cerca de 60% dos usuários no período de quarentena −, as empresas propõem a suspensão do contrato por dois meses. A ação contra os trabalhadores ocorre em meio à pandemia do coronavírus, em que o Brasil entrou em estado de calamidade pública.

A proposta apresentada pelas empresas e rejeitada pelo sindicato prevê corte de salários e benefícios por 60 dias, e é dividida em quatro etapas. Na primeira quinzena, seria garantido apenas a manutenção do plano de saúde e, nos próximos 15 dias, o trabalhador receberia uma cesta básica. Na quinzena seguinte, os trabalhadores receberiam um  adiantamento de 30% do 13º salário e, nos últimos 15 dias, seria liberado outro adiantamento de 35% do 13º. Se a quarentena terminasse antes desse prazo, a situação seria revista. No caso de a crise pendurar por mais de 60 dias, as empresas voltariam a negociar.

Para o sindicato, o serviço de transporte público é extremamente importante para a população e, por isso, é fundamental que os trabalhadores que atuam no segmento sejam valorizados. “Neste momento de pandemia, em que o transporte está sendo um serviço essencial à população, o governo precisa encontrar um meio para que o trabalhador não saia prejudicado. Como é que o trabalhador vai sustentar sua família sem salário?”, questionou o vice-presidente do Sinttrater e diretor executivo da CUT – DF, João Jesus (João Dão).

MP 927 dificulta negociações

De acordo com o presidente do Sinttrater, Jorge Farias, as negociações têm sido bastante complicadas. Isso porque os patrões estão amparados pela Medida Provisória 927 de Bolsonaro que, entre outros retrocessos, prevê que as empresas negociem diretamente com o trabalhador sem a presença dos sindicatos. A MP está em vigor desde segunda-feira (23), com validade de 60 das, podendo ser prorrogada por outros 60.

“Tem sido uma das negociações mais difíceis porque a ação das empresas está resguardada pela MP 927 de Bolsonaro. Com essa MP, nossa Convenção Coletiva está rasgada. Nossa preocupação é que o número de trabalhadores prejudicados não fique apenas em 1.100. Mas que fique claro o nosso posicionamento: não aceitaremos a suspensão de contratos”, disse.

Fonte: CUT-DF