Simplificar o debate é o caminho para fortalecer a luta pela redução dos juros

0

Com a taxa básica de juros (Selic) mais alta do mundo ─ 13,75% ─, o Brasil enfrenta hoje grandes empecilhos para avançar no crescimento econômico e social e na geração de empregos com direitos. Essa política, aplicada pelo Banco Central (BC), ainda é um tema pouco debatido pela sociedade apesar dos prejuízos ao povo brasileiro.

Neste sentido, o Ciclo de Debates Preparatório para o CECUT apontou que descomplicar o debate sobre a redução de juros no país é o caminho para fortalecer a mobilização em torno do tema.

A atividade aconteceu na noite dessa segunda-feira (17), no auditório do Sindicato dos Bancários de Brasília, e contou com a participação de representantes de diversas categorias, que esclareceram dúvidas e buscaram entender como trazer a classe trabalhadora para essa discussão.

“A gente tem o desafio de traduzir, dialogar e de mostrar porque estamos fazendo essa luta”, disse a vice-presidenta nacional da CUT e presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, responsável por elucidar a pauta.

A sindicalista lembrou ainda da relação entre o papel dos sindicatos, que é a luta por empregos, e a campanha pela redução dos juros. “A gente (movimento sindical) defende emprego, né? Esse é um dos principais papeis nosso, é defender a geração, manutenção e a valorização de empregos. Estamos defendendo empregos desde que a gente nasce como sindicato. E, se a gente não discutir os aspectos da economia que afetam o emprego, não estamos discutindo o emprego como deveríamos”, pontuou. 

Neste sentido, ela lembrou do esforço da Central para estimular o debate sobre o tema na sociedade, com a produção de materiais gráficos e vídeos diversos, tentando traduzir e trazer o mais próximo possível a discussão à realidade do trabalhador. “A história nos mostrou que a gente tem que fazer o debate político, formação política, para que a gente não viva os retrocessos que vivemos”, disse.

Fora, Campos Neto

Outro ponto destacado por Juvandia foi a crescente mobilização pela demissão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, escolhido por Bolsonaro. A sindicalista ressaltou que, devido à Lei de Autonomia do Banco, Lula só poderá trocá-lo em 2025, já que a legislação prevê um mandato de quatro anos para o gestor. Antes disso, a substituição só ocorreria em caso de o economista pedir demissão ou de o Senado votar pela sua exoneração.

“O Senado pode demiti-lo por incompetência. Se você pensar que a inflação tá lá embaixo, o emprego tá lá embaixo e que a taxa de juros só está onerando o capital produtivo, transferindo renda da população para os ricos e super-ricos, esse cara é incompetente, porque o papel dele não é esse. Então o Senado pode tirá-lo”, pontuou.

Juvandia destacou ainda que, ao manter a taxa de juros nas alturas, Campos Neto ataca também a democracia, com o aumento das desigualdades. “Não é possível que vivamos numa democracia com tanta gente passando fome, desempregada e endividada”, afirmou.

Para reverter o cenário, a CUT e outras organizações pediram ao Senado a exoneração de Campos Neto. A expectativa é que o presidente do BC seja ouvido pela Casa do dia 3 de agosto.

Ciclo de debates

Organizado pela Secretaria de Formação da CUT-DF, o Ciclo de Debates Preparatório tem o objetivo de discutir temas de interesse da classe trabalhadora para embasar a construção do Plano de Lutas da Central. Ao longo das próximas semanas, outros temas serão discutidos, como o acesso à Justiça do Trabalho, a empregabilidade no DF e o avanço do fascismo no Brasil.

“A realização do Congresso da CUT nos coloca numa necessidade de atualizarmos nossa leitura de conjuntura, mas o Congresso da CUT não consegue abarcar todo o debate que precisamos fazer, por isso, a importância dessas discussões no Ciclo. Agora, precisamos fazer com que aquilo que, no ano passado, nos mobilizou em torno da eleição de Lula, se torne projetos e políticas públicas que melhorem a vida da classe trabalhadora”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

Fonte: CUT-DF