Seminário da ANABB aborda modelos de custeio e defesa das autogestões

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O painel ‘Modelos de Custeio – vantagens e riscos’ abriu a programação da tarde do seminário ‘Minutas de Resolução da GGPAR’, realizado pela Anabb na sexta-feira (15), com a participação de especialistas no tema.

O encontro, iniciado pela manhã, reuniu lideranças e dirigentes de estatais, com o objetivo de debater os riscos que podem advir de uma eventual aprovação das propostas de resolução e construir um “Movimento em Defesa dos Direitos dos Associados de Plano de Saúde de Autogestão”.

O diretor de grupo Salutis e atuário Hélio Augusto Mazza fez uma explanação sobre os modelos de custeio e apresentou alguns problemas que são comuns em qualquer plano de custeio. Para ele, o impacto financeiro de um evento de risco em saúde pode atingir milhares de reais e levar um indivíduo que não se precaveu à falência, ou a perder parte substancial de um patrimônio que lhe exigiu anos para acumular.

O especialista observou que, quanto maior for o número de beneficiários, maior será a estabilidade do valor total de sinistros esperados e, por consequência, menor será o valor do componente de risco considerado na formação do preço unitário. “Dentro de um custeio, o preço unitário é a razão entre soma de todos os gastos e a quantidade de pagantes”, disse Mazza.

A diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, que atuou como debatedora, esclareceu como funciona o modelo de custeio do Saúde Caixa, plano de saúde dos funcionários da Caixa Econômica Federal, assim como os aportes que são feitos ao plano dos trabalhadores. Ela lembrou que a luta foi árdua contra os modelos de custeio apresentados pela empresa. “Tudo foi conquistado por meio do nosso Acordo Coletivo de Trabalho e conseguimos manter as mesmas condições aos aposentados e seus dependentes”, enfatizou.

Fabiana informou que, ao final de 2016, o Saúde Caixa acumulou um superávit de R$ 670 milhões. E alertou que “é o momento de os trabalhadores se mobilizarem e organizarem lutas em defesa de seus direitos”.

Defesa das empresas estatais

O quarto e último painel do seminário abordou a defesa dos direitos dos empregados das empresas estatais federais. O expositor, diretor de Saúde e de Rede de Atendimento da Cassi, William Mendes, fez uma alusão ao livro “Guerra dos Mundos”, ao observar “que estamos vivendo em uma guerra, pois o cenário é muito parecido com o da publicação. Mas, temos toda a condição de fazer o enfrentamento e reverter essa situação”, disse ele.

William apontou que é preciso organizar encontros e comitês locais, estimular a criação de conselhos de saúde em todas as instituições em risco e organizar um encontro nacional de saúde e previdência, para envolver a classe trabalhadora das estatais, além de dialogar mudanças e ataques do governo.

O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Dionísio Reis, destacou a importância da unidade de todas as categorias para engrossar o movimento em defesa das empresas públicas “nessa conjunta perversa”. E convidou a todos a participaram do Dia Nacional de Luta em Defesa das Empresas Estatais, no dia 03 de outubro, no Rio de Janeiro.

Manifesto

Ao final do evento, o presidente da ANABB, Reinaldo Fujimoto, ressaltou que o seminário foi somente o pontapé inicial na mobilização em defesa dos direitos dos associados de planos de saúde de autogestão. “Não vamos parar por aqui”, afirmou.

Os participantes aprovaram um manifesto que servirá de referência na luta dos trabalhadores das empresas estatais federais. Nele, eles reforçam a necessidade da unidade dos trabalhadores das empresas estatais federais no processo de resistência para manutenção dos direitos conquistados, especialmente neste cenário complexo da conjuntura nacional.

E assumem o compromisso de buscar a unidade na ação para defesa das autogestões em saúde, como instrumento para garantir a maior cobertura de assistência à saúde, a custos suportáveis para os trabalhadores, difundindo os dados e os debates aqui ocorridos, para os demais trabalhadores das empresas estatais federais, por meio de suas entidades representativas.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília