Sem empatia, banqueiros tentam ignorar quadro dramático de adoecimento da categoria e ameaçam retirada de direitos

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Na terceira rodada de negociações, realizada nesta terça (11), o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban debateram a pauta de saúde e condições de trabalho. Os sindicatos apresentaram questões relativas às metas abusivas e assédio moral; e a saúde e condições de trabalho no teletrabalho. Também foi reivindicado que os trabalhadores não tenham perdas, quando afastados do trabalho por adoecimento, sendo garantindo a eles complementação, antecipação e o não descomissionamento.

Todavia, os bancos não só negaram as questões apresentadas como ameaçaram redução de direitos, e fizeram na medida em que propõem alteração nos prazos estabelecidos nas cláusulas 29 e 57, que versam, respectivamente, sobre concessão de complemento de auxílio doença previdenciário e adiantamento emergencial de salário nos períodos transitórios especiais de afastamento por doença. “Com esta postura, os bancos atacam o direito ao adequado tratamento médico e às condições plenas de reabilitação dos trabalhadores”, destaca Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília e membro do Comando Nacional dos Bancários.

Kleytton destaca e lamenta a falta de empatia dos bancos. “Preocupam-se apenas com a equação da produtividade, medida a partir da disponibilidade da força real de trabalho dos empregados, pouco importam se os trabalhadores estão ou não aptos ao trabalho. A postura não deixou dúvidas de que pra eles o lucro sobrepõe à saúde, à vida”. O dirigente ainda observa que a ameaça de retirada de direitos por parte dos bancos “negligencia a ciência médica ao querer reduzir o período de concessão de benefícios de até 24 para 12 meses e desmantelar a reconhecida equação de solução do limbo previdenciário, que na convenção coletiva em vigência garante aos bancários que ainda não tenham assegurado a concessão do benefício do INSS uma renda a partir do adiantamento emergencial de salário pelo período de até 120 dias”.

As cláusulas de saúde e condições de trabalho levadas à mesa de negociação com a Fenaban nesta terça-feira buscam reverter o quadro de adoecimento revelado na consulta nacional. Entre os cerca de 30 mil bancários e bancárias que participaram da pesquisa, mais da metade dos entrevistados (54,1%) respondeu que o cansaço e a fadiga constante são o resultado da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas. A crise de ansiedade foi apontada por 51,6% como impacto na saúde.

Outros efeitos do trabalho exaustivo identificados na consulta foram dificuldade para dormir (39,3%); crise de ansiedade (51,6%); crises constantes de dor de cabeça (24,2%), e dores de estômago e gastrite (24,1%). Mais de um terço dos entrevistados (35%) recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes para se medicarem.

O presidente do Sindicato lembra ainda que as condições de saúde ficaram mais comprometidas com os ataques do governo Bolsonaro por meio da MP 927 e de portarias que vieram para dificultar as regras de acesso aos benefícios previdenciários. “Há, portanto, uma soma de atitudes de parte do governo e dos bancos que levam a uma forte deterioração das condições de saúde e de trabalho, contra as quais estamos nos insurgindo na mesa de negociação com reivindicações amplamente discutidas com a categoria”, enfatiza Kleytton Morais.

O movimento sindical ainda cobrou os bancos quanto à manutenção do cumprimento dos protocolos de saúde, também em relação a priorizar o teletrabalho para bancários que convivem com parentes de grupos de risco. Mais uma vez a Fenaban preferiu desconversar, ao negar criar uma regra padrão sobre a questão.

Não obstante esta negativa, ao final da negociação requentou tema da campanha de 2018, voltando à ideia de inserir na CCT a divulgação de ranking positivo para metas. “Diante desse quadro, a categoria precisa se atentar e interagir aos chamados do Sindicato. Temos que responder com firmeza às ameaças incabíveis de retirada de direitos por parte dos banqueiros”, alerta o presidente do Sindicato.

Da Redação