Saúde é prioridade da Campanha Nacional dos Bancários 2020

0

Saúde e Condições de Trabalho, tema debatido na mesa de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta terça-feira (11), são uma das prioridades da categoria para a Campanha Nacional 2020. Metas abusivas e assédio moral; saúde e condições de trabalho no teletrabalho; não ter perdas quando afastados (complementação, antecipação, não haver descomissionamento) estão entre os temas a serem debatidos na área da saúde.

Trata-se de uma tema que precisa ser levado a sério pelos bancos, tendo em vista o alto índice de adoecimento da categoria, que cresceu com a pandemia, gerado por metas abusivas e pressão por resultados.

Para o dirigente da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Wadson Boaventura, que é secretário de Saúde e Condições de Trabalho da entidade, “as metas são abusivas: primeiro, por serem individuais e não considerarem o bancário e a bancária na sua construção, além do que sua variação é constante, sendo alteradas várias vezes em um semestre”.

Para o Sindicato, os serviços médicos dos bancos precisam ter como foco as pessoas e não podem se submeter à área comercial. “Os bancos adotaram medidas de prevenção à Covid-19 após a cobrança dos sindicatos. Entretanto, essas medidas não podem ser abrandadas ou desconsideradas com o aumento crescente de número de casos. Pelo contrário, é necessário avançar nos cuidados, de forma a resguardar a saúde da categoria e evitar a contaminação da população que necessita de atendimento bancário”, cobra a secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Vanessa Sobreira.

Direito garantido

A legislação brasileira diz que a participação da representação dos trabalhadores na análise dos dados, no monitoramento e no envolvimento dos trabalhadores nas medidas de cuidados com a saúde deve ser efetiva.

A Norma Regulamentadora nº 7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. “Quanto aos dados do PCMSO, precisam ser levados a mesas para traçarmos ações conjuntas de melhorias de processos e das condições de trabalho dos bancários e das bancárias”, afirma Wadson Boaventura.

Consulta Nacional

A consulta nacional feita este ano com quase 30 mil bancários mostra que, para mais da metade dos entrevistados (54,1%), o cansaço e a fadiga constante são resultados da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas. A crise de ansiedade foi apontada por 51,6% como impacto na saúde.

Outros efeitos do trabalho exaustivo identificados na consulta foram dificuldade para dormir (39,3%); crise de ansiedade (51,6%); crises constantes de dor de cabeça (24,2%), e dores de estômago e gastrite (24,1%). Mais de um terço dos bancários (35%) recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes para se medicarem.

Adoecimento crescente

A reestruturação das atividades bancárias nas últimas décadas modificou o contexto de trabalho trazendo crescente adoecimento da categoria. Gerou mais pressão e levou muitos trabalhadores do setor a se afastarem do trabalho.

Levantamento do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) com dados da Previdência Social mostra que, de 2009 a 2013, houve um aumento de 40,4% do número total de auxílio-previdenciário e de auxílio-acidentário concedidos aos trabalhadores do setor bancário. Nos demais setores da economia também houve elevação do número de benefícios no período, porém, num ritmo menor do que o verificado nos bancos. Nesses setores, o crescimento foi de 26,2%.

Quando o tema é o dano à saúde, o destaque vai para o aumento das doenças relacionadas ao trabalho como os transtornos mentais. De 2014 a 2018, os transtornos mentais e comportamentais foram a principal causa dos afastamentos, com participação crescente, em torno de 28%.

Bancários na pandemia

Em 2020, o Comando Nacional dos Bancários negociou com a Fenaban e conquistou medidas para prevenção da saúde da categoria logo no início da pandemia. Ao longo da quarentena, cerca de 300 mil bancários foram trabalhar em casa, ou simplesmente liberados do comparecimento ao local de trabalho, sem redução nos salários ou perda de direitos. O movimento sindical também vem cobrando o afastamento de funcionários que coabitam com pessoas de grupos de riscos. Mesmo assim, o atendimento à população foi mantido e se mostrou essencial durante a pandemia.

Da Redação com Contraf-CUT