Santander inicia 2022 intensificando terceirização no Brasil

0

No dia 1º de janeiro de 2022, o Santander transferiu todos os funcionários da área de tecnologia para a F1RST, empresa do próprio conglomerado. Com esta manobra, o banco retirou os trabalhadores da representação do Sindicato dos Bancários e da Convenção Coletiva de Trabalho negociada entre o movimento sindical bancário e a Fenaban (federação dos bancos).

Na avaliação da direção do Sindicato dos Bancários de Brasília, a F1RST é, na verdade, um artifício para reduzir custos e cortar direitos de mais de dois mil bancários, e uma inaceitável interferência da direção do banco na organização sindical dos trabalhadores.

O Sindicato dos Bancários em conjunto com a Contraf-CUT têm lutado bravamente, por meio de negociações e da manutenção da Convenção Coletiva de Trabalho, conter as investidas dos banqueiros e do governo que tentam a todo retirar direitos da categoria.

Em 2012, a Espanha, país de origem do Santander, implantou uma ampla reforma trabalhista visando combater o desemprego, e que estabeleceu uma série de dispositivos que resultaram na precarização de direitos.

Entretanto, atualmente o país convive com 15,26% da população economicamente ativa desempregada, uma das mais altas taxas de desocupação da União Europeia.

Dez anos depois da entrada em vigor da nova lei, sob o governo progressista do primeiro-ministro Pedro Sanchez, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), o país toma o caminho inverso e volta atrás na reformatrabalhista. Em 30 de dezembro, um decreto determinou um novo marco legislativo.

O principal objetivo da nova reforma trabalhista espanhola é acabar com os contratos temporários, que já atingem 26% dos contratos de trabalho. A nova lei pretende voltar a estimular a contratação por prazo indeterminado, muito mais benéfica aos empregados.

Entre outros pontos, para as empresas de terceirização de serviços, passa a ser obrigatório que o valor dos salários seja definido a partir das normas coletivas aplicáveis às empresas que contratam as terceirizadas.

Desta forma, trabalhadores terceirizados, como por exemplo no setor bancário, deverão receber salários determinados pelas convenções coletivas ratificadas entre bancos e sindicatos de bancários.
O novo marco define ainda punições mais severas a fim de evitar fraudes contratuais. O principal objetivo é restringir contratações temporárias fraudulentas.

Importante lembrar que a reforma trabalhista espanhola de 2012 serviu de modelo para a lei trabalhista brasileira aprovada em 2017, durante o governo de Michel Temer, e após o golpe parlamentar de 2016.

Mas ambas provaram-se incapazes de gerar empregos, como prometido pelos governos. Tanto Espanha como Brasil seguem com altas taxas de desemprego.

Da Redação