Reuniões no Cenop Brasília e pesquisa do Sindicato detectam metas abusivas e comunicação agressiva na unidade do BB

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O Sindicato foi informado em reunião com funcionários do Cenop Brasília que haveria pressão e sobrecarga de trabalho na operação do processo de abertura massificada das contas digitais.

O Banco do Brasil é a instituição responsável pelo processamento dos pagamentos do benefício emergencial instituído pela MP 936/2020, a mesma que autoriza, entre outras coisas, a suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada e salários por meio de acordos individuais ou coletivos – que já somam mais de 9 milhões no país.

Para garantir exclusividade do recebimento do auxílio emergencial, com afastamento da possibilidade de débitos e outras despesas que possam impactar a integralidade do benefício, o BB realiza a abertura de poupança digital com variação 73.

Os funcionários consideram que a organização dos processos está muito comprometida. As demandas às equipes são descontínuas e isso tem prejudicado o trabalho, pois as metas não são fixadas com base em preceitos sólidos e variam drasticamente de um momento para outro, sem coerência na definição.

A esteira de produção, na avaliação dos trabalhadores, com a literal e absurda cronometragem da tarefa a ser realizada, expõe a riscos indesejáveis, pois, para cumpri-la, os funcionários podem acabar negligenciado a verificação de todas as etapas que constam no processo.

Há o receio de ocorrência de anotações injustas na avaliação GDP e preocupação quanto às responsabilidades futuras.

O processo se torna ainda mais conturbado por fragilidade na orientação. “Sem capacitação para o trabalho e com um ritmo alucinante de produção, a situação no Cenop fica insustentável e compromete o emocional dos trabalhadores”, pontuou Maria José Furtado (Zezé), diretora do Sindicato.

O diretor da Federação Centro Norte e funcionário do BB Wescly Mendes esclarece que “a demanda dos colegas é que o banco reveja imediatamente este processo, o corrija e organize salas de Fazap para que a experiência dos que já estão familiarizados ao processo possa ajudar os que iniciam nas equipes”.

Abusividade

O banco argumenta que em outros Cenops a produção é até maior do que a verificada no DF. Todavia, além das questões anteriormente abordadas, o BB desconsidera que o Cenop principal, que coordena o processo, já tem suas equipes devidamente treinadas e familiarizadas com as atividades, o que torna descabido comparar as produtividades.

“O que se observa nessa linha de montagem é a abertura a práticas insustentáveis e extremamente condenáveis, não compatíveis com a gestão adequada de pessoas e processos”, declara o presidente do Sindicato, Kleytton Morais. Segundo o dirigente, em algumas situações, há denúncia de constrangimento e ameaça do gestor de que realizaria anotação na GDP, caso o funcionário não realizasse a meta estipulada. Há, inclusive, relatos de situações ainda mais constrangedoras, como a condução de colegas ao gestor de área para explicar a baixa produtividade. “Essas condutas são absolutamente reprováveis e inadmissíveis”, diz ele.

Revisão de orientações

A Gepes ponderou que a curva de aprendizagem, por ocasião do acelerado número de trabalhadores em home office, requer uma revisão nos processos de orientação dos gestores e equipes. Para tanto, adianta que realizará reuniões com as equipes para avaliar os critérios de GDP, de organização de trabalho.

A abordagem buscará, segundo a gerência, refletir e reorientar a gestão sobre inteligência relacional/emocional, organização do trabalho, trabalho remoto, empatia e reconhecimento. Houve o compromisso de que a Gepes estaria no Cenop BsB a partir de 8 de junho para tratar de organização do trabalho e GPD, entre outras questões.

Em resposta à demanda apresentada, a Gepes relatou ter realizado nove reuniões e informou que ainda haveria outras quatro para diagnosticar a necessidade de aprimoramento dos gestores, de modo a orientar e sensibilizar os gerentes quanto a práticas mais adequadas, tendo como objetivo motivar as pessoas pelo desejo, pelo reconhecimento, e não pelo medo, como tem ocorrido. A área reportou também a realização de duas capacitações técnicas e a programação de mais duas.

Sistema de ampulheta

Há um sistema de ampulheta para análise dos processos, baseado no padrão de produtividade. O banco não vê problema nisso. Porém, as pessoas começam a criticar e absorver processos mais fáceis. O que gera dificuldades, empilhando os processos mais complexos.

A orientação da Gepes para tratamento adequado dos conflitos é acionar a Ouvidoria e, por fim, se cabível, aplicar as sanções, como bloqueio para concorrência.

Os dirigentes sindicais orientam que os funcionários acionem também o Sindicato para fazer denúncias do seu local de trabalho.

Da Redação