Reunião de delegados sindicais: agenda 2024 no Congresso exigirá mobilização dos trabalhadores

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Em debate com os delegados sindicais do BB, da Caixa e do BRB na manhã desta terça-feira (19), o coordenador de Documentação do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Neuriberg Dias, avaliou que a disputa no Congresso Nacional demandará muita organização e mobilização dos trabalhadores neste ano de 2024.

Ele lembrou que, apesar da herança herdada do governo anterior, houve uma pauta positiva de retomada do reajuste do salário mínimo, o retorno de programas sociais, o crescimento do emprego e renda em 2023. Mas neste ano, com eleições municipais polarizadas e a eleição de quadros do PL alinhados com a pauta conservadora do bolsonarismo para as comissões, podem-se esperar grandes embates, avaliou. Em especial em relação às privatizações disfarçadas e mais ataques às leis trabalhistas e à previdência.          

“O que percebemos hoje é que a pauta das duas casas legislativas seguem de forma independente do governo. As comissões viraram espaços de pouca discussão e as decisões são todas remetidas para o plenário, o que dificulta a mobilização e pressão dos trabalhadores”, afirmou ele. Mas ele entende também que o governo ainda tem força para apresentar uma pauta que revogue pontos da reforma trabalhista de Temer e Bolsonaro e promova uma pauta que priorize o social.

Para a diretora da Fetec-CUT/CN Maria Gaia, que mediou o debate, é preciso aproveitar que neste momento as atenções dos parlamentares estão voltadas para seus redutos eleitorais, para cobrar o compromisso com a pauta dos trabalhadores.   

O presidente da Fetec Centro-Norte, Cleiton dos Santos, disse que a convocação da CUT e das demais entidades para a realização de uma Marcha a Brasília no primeiro semestre de 2024, para pressionar o Congresso e o governo federal pela revogação de medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras, pode reforçar o coro contra a reforma trabalhista e a favor da recuperação de todos os direitos.      

A Marcha organizada pelas Centrais também teria como objetivo a revogação da lei da terceirização ilimitada e da reforma previdenciária de Bolsonaro. Agregando as reivindicações dos distintos setores dirigida ao governo Lula, em particular a dos servidores públicos, que estarão em estado de alerta, a Marcha também vai lutar contra qualquer tentativa de retomada das discussões sobre a PEC 32, da reforma administrativa, no Congresso Nacional.    

Campanha nacional, saúde mental e condições de trabalho

A reunião teve sequência à tarde, quando foram tratados temas específicos de cada banco, separadamente. Foram colocados em pauta assuntos como a Campanha Nacional dos Bancários 2024, as mobilizações necessárias, o Congresso Distrital e a Conferência Nacional, bem como saúde mental, condições dignas de trabalho e reconhecimento adequado diante dos esforços dos trabalhadores.

Os delegados sindicais também apresentaram relatos da insatisfação geral e dos “massacres diários” a que os bancários são submetidos no ambiente de trabalho, como pressão por metas e assédio, práticas abusivas que os estão levando ao adoecimento. Eles lembraram que, de acordo com pesquisa, a categoria bancária é a que tem mais trabalhadores adoecidos, cerca de 400% a mais.

“No encontro com os funcionários do BB, foi observado o descontentamento com relação ao PDG, última variável que o banco criou e que tem gerado muito descontentamento, uma vez que só vai beneficiar 40% dos trabalhadores”, pontua o diretor da Fetec-CUT/CN Wadson Boaventura.

“No BRB, foram repassadas análises sobre a situação econômica do banco, os rumos que a instituição está tomando, suas fragilidades e riscos, com um excelente debate e participação das delegadas e dos delegados”, destaca o diretor do Sindicato Ronaldo Lustosa.

“Esse encontro com os delegados sindicais é o caminho mais curto e rápido que o Sindicato tem de saber quais são as demandas que estão espalhadas na base, e também é uma forma de os representantes retornarem com a resposta sobre o posicionamento da entidade. Esse contato permanente com os representantes dos funcionários nos possibilita trabalhar sempre alinhados com os anseios da categoria”, avalia o diretor do Sindicato Wandeir Severo.



Junia Lara e Mariluce Fernandes