Privatizar não torna as empresas mais eficientes, conclui debate

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A Fundação Perseu Abramo, com o apoio do Sindicato e da Fenae, promoveu na noite

desta terça-feira 17, debate com o tema “Não às privatizações: Brasil rumo ao pós-neoliberalismo”, no Teatro dos Bancários.

Carta Maior: Privatização sacrifica papel redistributivo do Estado, diz Singer


Da esquerda para a direita: Ricardo Azevedo, Jacy Afonso, Paul Singer, José Carlos Alonso, Eduardo Suplicy e Pedro Biondi

A Fundação Perseu Abramo, com o apoio do Sindicato e da Fenae, promoveu na noite desta terça-feira 17, no Teatro dos Bancários, debate com o tema “Não às privatizações: Brasil rumo ao pós-neoliberalismo”, que contou com a participação do economista Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O senador Eduardo Suplicy também prestigiou o debate.

O debate prestou uma homenagem ao jornalista Aloysio Biondi, falecido em julho de 2000, autor do livro O Brasil Privatizado, obra lançada em 1999 que se tornou referência das denúncias sobre o processo de “vendas” de estatais.

O presidente do Sindicato, Jacy Afonso, abriu o debate destacando a importância do tema privatização para a categoria bancária, que “vivenciou 8 anos de neoliberalismo” na gestão tucana do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, responsável pela condução da maior política de desestatização da história do país.

“Foi um período de redução de quadro de pessoal nos bancos, praticada tanto pelo Banco do Brasil, com os atos de gestão, quanto pela Caixa Econômica, com o RH 008, além da privatização de vários bancos estaduais e de um banco federal – o Meridional do Brasil (BMB)”, frisou. 

Em seguida, Ricardo Azevedo, vice-presidente da Fundação Perseu Abramo e mediador do debate, comparou sucintamente o contexto social e político da década de 1990 com o momento atual no que se refere ao debate sobre a venda de empresas públicas e a relação da temática com o trabalho do jornalista Aloysio Biondi. 

Segundo Azevedo, há dez anos a idéia da privatização encontrava maior aceitação na sociedade brasileira, ao contrário do que se vê hoje. “A sociedade experimentou o neoliberalismo e não gostou”, disse. E completou: “Pensava-se que a redução do Estado era o único caminho para o desenvolvimento. Hoje, a sociedade sabe que as privatizações não são mais necessárias. Claro que o livro de Alysio Biondi não foi o responsável por essa mudança de pensamento, mas o jornalista contribuiu”.

Antes da exposição dos palestrantes, Pedro Biondi, filho do Aloysio Biondi, também participou do debate, com um breve depoimento sobre o trabalho do pai.

“Aloysio procurou rebater a idéia de que as estatais eram ineficientes e o uso dos seus recursos era ruim. As estatais eram às vezes ineficientes porque se fazia mau uso políticos delas e por erros de estratégias”, disse Pedro. “Além disso, o processo de privatização foi muito mais mal conduzido do que a imprensa informa”.

Ele enumerou como exemplos o caso da privatização do sistema Telebrás e da Companhia Vale do Rio Doce.  As tarifas não foram barateadas e houve o problema do apagão pelo mal gerenciamento do sistema. 

Foto: Augusto Coelho/Fenae