Portaria do Ministério da Justiça poderá evitar mortes em assaltos a bancos

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Lançada na última quarta-feira, 29 de janeiro, a Pesquisa Nacional de Mortes em Assaltos envolvendo Bancos – realizada pela Conferação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) – foi apresentada hoje (30) à secretária nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Regina Miki.
 
Durante a reunião, foi exposto o levantamento feito pelas duas entidades a partir de casos veiculados na imprensa, com o apoio técnico do Dieese. Estiveram presentes o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro; o secretário de imprensa da entidade e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr; o presidente da CNTV, José Boaventura; o presidente da Fetec-CN/CUT, José Avelino, e a diretora da Fetec-CN, Conceição Costa – representando o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo. Os assessores da Senasp Maurício Sponton Rasi e Guilherme Leonardi também compuseram a mesa de discussão.
 
A pesquisa, realizada semestralmente, registrou crescimento no número de mortos em assaltos a banco no Brasil. Para se ter uma ideia, em 2011 foram noticiadas 49 mortes. Já em 2012, o número de pessoas que perderam a vida subiu para 57. No ano passado, foram registradas 65 mortes, vítimas de crimes como a “saidinha de banco”, assalto a agências e a caixas eletrônicos.
 
“Seria irresponsabilidade nossa deixar de apresentar esses dados ao órgão competente, uma vez que, infelizmente, as projeções nos levam a crer que mais pessoas percam a vida por falta de investimento dos bancos na segurança”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
 
O presidente da CNTV, José Boaventura, ressaltou durante a reunião que a implantação de algumas medidas reduziu e, alguns locais, zerou o número de mortes. “A instalação de portas giratórias com detectores de metais e biombos entra a bateria de caixas e as filas reduziu drasticamente os casos de ‘saidinha de banco’ e em capitais, como João Pessoa, Recife, Belo Horizonte e Belém, não houve notícia de mortes em 2013”, concluiu.
 
A isenção de tarifas de transferência de recursos (DOC, TED) é outra medida defendida por bancários e vigilantes, para reduzir a circulação de dinheiro na praça. “Muitos clientes sacam valores elevados somente para não pagar as altas tarifas dos bancos e viram alvos de assaltantes cada vez mais violentos”, afirma Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.

 
Desdobramento

A responsável pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, declarou que já havia lido a pesquisa no dia de seu lançamento e propôs a criação de um grupo de trabalho, via portaria, onde Contraf, CNTV e Febraban irão discutir medidas para evitar novas mortes. Miki informou que vai solicitar ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a abertura da portaria.
 
De acordo com Miki, “em duas ou três reuniões” do grupo de trabalho será possível definir propostas para proteger a vida das pessoas. A secretária solicitou ainda que o movimento sindical elaborasse um relatório, a partir da pesquisa, com histórico de luta por mais segurança no sistema bancário, além de mais informações e propostas.
 
“A urgência na criação do grupo de trabalho dentro de 15 dias demonstra a importância do tema. É fundamental a presença dos atores envolvidos (Contraf, CNTV e Febraban) na composição do grupo, para encontrarmos a solução para esses graves problemas”, afirma Conceição Costa, diretora da Fetec-CN/CUT, que considerou positiva a reunião.
 
Para José Avelino, presidente da Fetec-CN/CUT, “a construção de uma portaria do Ministério da Justiça e a aplicação do que for estabelecido no grupo de trabalho é uma conquista para bancários, vigilantes e população, evitando novas mortes na próxima pesquisa”.

Joanna Alves
Do Seeb Brasília

 

*Atualizado às 18h25