Em defesa da Petrobrás e das empresas públicas brasileiras, em diversos estados brasileiros, trabalhadores e trabalhadoras irão às ruas no próximo dia 3 de outubro, data em que se comemora 66 anos da estatal.
Organizada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a mobilização em defesa da soberania, inicialmente seria só em Curitiba, onde o ex-presidente Lula é mantido preso político na sede da Superintendência da Polícia Federal. O ato na capital paranaense seria simbólico porque os petroleiros e as petroleiras reconhecem a importância de Lula para o fortalecimento da empresa. O ex-presidente foi o principal responsável pelos investimentos na Petrobrás, que possibilitaram inclusive a descoberta do pré-sal.
A proposta inicial foi ampliada, depois que trabalhadores de outras estatais e representantes de movimentos sociais que formam as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e partidos de oposição que compõem o Comitê pela Soberania decidiram realizar atos em várias cidades do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, onde está a sede da Petrobrás. Além do Rio e Curitiba, também serão realizados atos em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.
“Com este ato queremos chamar a atenção da sociedade para dizer o quanto é importante ter empresas públicas fortes para os brasileiros e para um país em desenvolvimento como o Brasil”, afirmou o Coordenador-Geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel.
A mobilização, segundo o dirigente, também servirá para alertar a população sobre os impactos em suas vidas que o programa de privatização do governo de Jair Bolsonaro (PSL), representa para cada brasileiro e brasileira. “Não estamos falando só de desemprego nas estatais e, sim, em toda a cadeira produtiva, além de riscos de acidentes e piora na prestação dos serviços, pois as empresas privadas só visam o lucro, e a alta nos preços”.
“Hoje, o brasileiro já paga caro pelos combustíveis, nossa gasolina é a segunda mais cara do mundo porque a política de preços é gerenciada pelo mercado internacional”, diz.
O que Bolsonaro quer vender e está atraindo o interesse das empresas do Brasil e do mundo é o “filé mignon” do patrimônio nacional, diz Rangel, que exemplifica: “As universidades públicas no país são disputadas porque têm qualidade. Nos Estados Unidos, os Correios são públicos porque eles entendem que este sistema tem que estar na mão do Estado. Fora tudo isso, qual o banco que financia sua casa? A Caixa. Qual o banco que financia a agricultura? O Banco do Brasil. Qual é o banco que financia a infraestrutura? O BNDES. Você percebe o quanto as empresas públicas são importantes para o Brasil e para os brasileiros?”, questiona Rangel.
O secretário Nacional de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, que também é petroleiro no Paraná, alerta para outro aspecto do ataque as estatais, pouco mencionado na mídia tradicional que relaciona à necessidade de privatização à questão do combate a corrupção.
“É preciso deixar claro que nós somos e sempre seremos contra a corrupção. Quem roubou a Petrobrás ou qualquer outra estatal deve ser punido, mas isso não significa que, em nome da bandeira contra corrupção o país paralise uma companhia do porte e importância da Petrobrás”.
O dirigente ressalta que em lugar nenhum do mundo o combate à corrupção fragilizou tanto as empresas, provocando desemprego em massa e a paralisação de milhares de obras e projetos, como ocorreu no Brasil nesses cinco anos da Operação Lava Jato.
Segundo Roni, 220 mil trabalhadores da Petrobrás perderam seus empregos neste período, a Odebrecht, que hoje tem 49 mil trabalhadores, já teve 250 mil antes da Lava Jato e está pedindo concordata, sem falar em outros milhares de emprego perdidos com o fechamento de pequenas construtoras.
“Em todo o país, a Lava Jato, além de ser responsável pelos 20% da taxa de desemprego, também ajudou no golpe de 2016, levou Bolsonaro ao poder para vender a Petrobrás, entregar o Pré-Sal brasileiro, deixar de controlar sua maior riqueza e ainda vai colocar a soberania do país em risco”, denuncia o secretário de Comunicação da CUT.
Quem ataca a estatal alega que a corrupção quebrou a Petrobrás, diz Roni, que rebate: “Isso é uma mentira! Só em 2018, o faturamento da estatal foi de R$ 358 bilhões”.
“O discurso de falência é para atacar a empresa e ter motivo para vendê-la para o mercado internacional e esta é a luta do dia 3. A população que é contra as privatizações, como apontou a pesquisa CUT/Vox, precisa se engajar nesta luta e reagir!”, concluiu Roni.
Fonte: Por Érica Aragão, CUT Nacional