Pesquisa do Sindicato revela que 87% dos bancários admitem insatisfação com o trabalho em plataformas digitais

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Os resultados parciais da pesquisa feita pelo Sindicato com as bancárias e os bancários sobre adoecimento em plataformas digitais são alarmantes. As metas são descritas como altas e o trabalho como acelerado. Frente a esse cenário, 87% admitem insatisfação com o modelo digital e 91% já consideraram deixar o trabalho.

Lançada pelo Sindicato no dia 28 de abril, e coordenada pela professora Ana Magnólia, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB, a pesquisa é uma ação pioneira no país, motivada pela observação das condições de estresse nos escritórios digitais e pelos depoimentos dos trabalhadores.

Nesses locais, observa-se uma nova organização de trabalho que expõe os bancários a fatores que podem vir a desencadear as LER/Dort (Lesões por Esforço Repetitivo e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), além dos transtornos psíquicos, doenças ocupacionais que mais atingem a categoria.

De acordo com a pesquisa, sair do posto de trabalho é uma dificuldade comum, e os bancários têm comparado as atividades nas plataformas digitais com o de telemarketing. No entanto, alguns frisam que, diferente do telemarketing, as pausas na jornada no trabalho não são regulamentadas e se afastar do posto é mal visto por colegas e chefia. Outra dificuldade relatada é a de persuadir clientes a comprarem produtos. A falta do “olho no olho” pode ser um problema nessas horas, dizem. 

O novo modelo de trabalho e as dificuldades que emergem de seu exercício trazem cansaço e frustração para muitos bancários, que sentem que não conseguirão se manter por muito tempo no modelo digital. Quando questionados sobre sintomas presentes, 91% relatam ter tido pelo menos três sintomas físicos. 95% apontam pelo menos três sintomas de ansiedade e 91% de depressão, nos últimos seis meses.    

Até o momento, os dados indicam que a maioria já trabalhou doente – mesmo com recomendação médica para se afastar do trabalho (80%) e 70% já se afastaram por motivos de saúde desde que iniciaram no modelo digital. Desses últimos, 94% julgam que o adoecimento foi relacionado ao trabalho. O motivo predominante para afastamento tem sido físico (70%). Até o momento, 70% da amostra relata realizar acompanhamento psiquiátrico, 70% faz uso de remédios psiquiátricos e 66% se automedica.  

A pesquisa permanecerá no ar para ser respondida por bancários das plataformas digitais de todos os bancos até a primeira quinzena de junho e pode ser acessada aqui: https://forms.gle/dXUqckuR5wsambXo8

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília