Pedro Guimarães terá de explicar inverdades sobre lucro da Caixa nas gestões de Lula e Bolsonaro

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Por determinação da 10ª Vara Cível de Brasília, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, terá de se retratar judicialmente sobre declarações inverídicas referentes aos lucros do banco em 2020, anunciadas por ele e por Jair Bolsonaro. A decisão foi proferida na semana passada pela juíza substituta Monike Machado, atendendo uma interpelação proposta pela deputada Erika Kokay (PT-DF) em agosto.

A deputada contestou que, durante o aniversário da Caixa, em janeiro, Guimarães afirmou que, em 2020, a instituição teve o maior lucro líquido de sua história, bem como o recorde de rentabilidade no ano anterior. Quatro meses depois, Bolsonaro fez coro, ao dizer que o banco só gerou prejuízos entre os anos de 2002 e 2010, durante o governo Lula.

No entanto, com base em estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Kokay demonstrou à Justiça que as declarações são improcedentes e que a Caixa teve lucros maiores sob Lula do que Bolsonaro, e não rendeu só prejuízos anteriormente.

“As declarações inverídicas que o Pedro Guimarães tem feito são para tentar induzir que o governo genocida é bom. Isso só reforça nossas denúncias de uso da Caixa em campanha eleitoral antecipada. O fato é que essa gestão está fatiando o banco público”, enfatiza a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e secretária-geral do Sindicato, Fabiana Uehara.

Dados do Dieese

Segundo o Dieese, o lucro da Caixa na gestão de Bolsonaro, descontados os 60% que foram obtidos através de venda de ativos, alcançam pífios R$ 21,06 bilhões, ou seja, próximo da metade do obtido na gestão do ex-presidente Lula.

Como destaca o economista Sérgio Lisboa: “do lucro de R$ 22 bilhões (em 2019), aproximadamente R$ 15 bilhões são referentes à venda de ativos que a Caixa tinha, a exemplo de ações da Petrobras, do IRB [Instituto de Resseguros do Brasil] e do Banco Pan, entre outras. Dos R$ 13,1 bilhões restantes, tecnicamente considerados como lucro líquido registrado pelo banco em 2020, R$ 5,9 bilhões foram resultado de recursos oriundos da Caixa Seguridade, que está em processo de privatização. Assim, o que se observa é que os resultados não vieram da atividade bancária, mas da venda de parte do banco público, bem como da redução do papel social da Caixa”.

“Marketeiro turista”

Em artigo publicado em março, as diretoras do Sindicato e empregadas da Caixa Rafaella Gomes e Leny Valadão reconhecem que o resultado alcançado de R$ 13,2 bilhões, em 2020, é bem significativo, porém questionam: “Mas por que recebemos essa informação com clima de decepção?”

As diretoras lembraram que, em 12 de janeiro, dia em que a Caixa completou 160 anos, “Pedro Guimarães levianamente lançou a expectativa de ‘lucro recorde’. Uma conta fácil de fazer, se o maior lucro da história do banco foi em 2019 de R$ 21,1 bilhões, esse ano deveria superá-lo. Então perguntamos, onde estão os bilhões que faltam no resultado?”

Para Rafaella e Leny, a resposta é que, “de forma irresponsável e sem considerar nada mais que o próprio ego, novamente, Guimarães criou uma ilusão, como faz repetidamente. Ao se focar no marketing pessoal, ele esquece de ressaltar para a sociedade a relevância que a Caixa 100% pública tem para o fomento de políticas públicas na esperança de assim não receba resistência enquanto a vende aos pedaços. Quanto desse lucro foi obtido às custas da venda de ativos? Como os R$ 7 bilhões recebidos em 30 de dezembro pelo acordo com a CNP Assurances para explorar com exclusividade por 25 anos os produtos de seguro e previdência distribuídos na empresa”.

E concluem o artigo: “Pedro Guimarães não é a Caixa, é apenas um marketeiro turista quer ganhar a fama em cima da luta dos trabalhadores”.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília