Para aposentados, sustentabilidade da Cassi significa mais tempo de vida

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Aos 77 anos, seu Raimundo não titubeia em cumprir a tarefa de ser o representante de Brasília da Associação dos Aposentados e Funcionários do Banco do Brasil – AAFBB. Hospitaleiro, ele recebe sorridente as aposentadas e os aposentados do Banco do Brasil, que se reúnem pelo menos uma sexta-feira de cada mês para “confraternizar”, como diz seu Raimundo. Entretanto, esta sexta (22) foi diferente. O bate-papo dos associados e das associadas que normalmente se pauta pelos casos do dia-a-dia, deu foco à insegurança quanto à manutenção da assistência à saúde garantida pela Cassi.

 “Pela nossa idade, a gente precisa muito da Cassi. Para um funcionário do Banco do Brasil aposentado, não tem como pagar um plano privado. Eu tenho dois casais de amigos que estão em UTI Móvel, e só têm condições disso por causa da Cassi. Se esse nosso plano vier à falência, teremos óbitos mais rápido”, diz seu Raimundo com voz calma, mas tom preocupado. E retoma: “É por isso que a gente orienta os associados a votarem sim. Isso não é voto para mim, é para todos os aposentados”, reforça.

Seu Raimundo se refere à consulta sobre a proposta de sustentabilidade da Cassi elaborada e aprovada pela direção do plano. Iniciada no último dia 18 de novembro, o processo segue até o próximo dia 28, e é um esforço feito para evitar a liquidação ou a venda do plano que assiste mais e 670 mil vidas, entre elas a de idosos que, se perderem esse auxílio, talvez não sejam aceitos em planos privados pela idade avançada.

Embora seja proibido por lei, é comum a recusa de idosos por operadoras de saúde, já que a utilização de serviços costuma ser ampliada com as complicações que a idade pode trazer. E quando conseguem aderir ao plano, esses idosos pagam preços que podem ser até 500% a mais em relação à primeira faixa etária. O que resta às idosas e aos idosos é recorrer ao atendimento oferecido pelo SUS, que vem ficando cada vez mais precário com a aplicação de políticas privatistas que desidratam o investimento na saúde pública.

“Caso a Cassi deixe de existir, o Banco do Brasil pagará 4,5% sobre o salário do funcionário para contratação de plano de assistência de mercado ou para reembolso de despesas com saúde. Se para quem está na ativa isso é complicado, para aposentados isso fica ainda mais problemático. Os planos de saúde privados são caríssimos e muitas vezes sequer aceitam esses aposentados”, afirma José Wilson, dirigente do Sindicato.

Recebido com alegria pelas aposentadas e aposentados do Banco do Brasil, José Wilson, denominado como “nossa liderança” por seu Raimundo, vem dialogando com associados à AAFBB. Nesta sexta-feira, ele voltou a se reunir com eles para reforçar a importância de garantir a sustentabilidade da Cassi. “Nós do Sindicato estamos fazendo visitas constantes para conscientizar não só os aposentados, mas também os funcionários da ativa. Votar ‘sim’ a essa proposta de sustentabilidade da Cassi é resguardar o nosso direito à assistência à saúde”, afirma.

A proposta de sustentabilidade da Cassi que está em consulta mantém os atuais percentuais de contribuição dos funcionários (4% do salário) e do BB (4,5%) e introduz a cobrança de mais 1% para quem tem um dependente, 0,5% para o segundo; 0,25% a partir do terceiro, limitando a contribuição total do funcionário a 7,5% do seu salário.

Vanessa Galassi
Colaboração para o Seeb Brasília