Artigo: Os bolsonaros debocham do Brasil

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Menos de uma semana depois de o STJ “passar pano” para Flávio Bolsonaro, torna-se pública a compra de uma mansão pelo primogênito do presidente pela “bagatela” de R$ 6.000.000,00 de reais, coincidentemente quase o mesmo valor apontado pelo MP do Rio de Janeiro como tendo sido desviado pelo hoje senador através de um esquema jocosamente denominado “rachadinha”, quando este exerceu mandato de deputado estadual naquele estado.

Atitudes como esta demonstram o desprezo dos bolsonaros para com o país, que experimenta o descalabro e horror nacional de ver mortos mais de mil pessoas diariamente, vítimas da pandemia de Covid-19 que se abateu sobre o mundo, que no Brasil tem um componente agravante, o descaso do governo do pai do senador, para quem “não passa de uma gripezinha”, afirma “não ser coveiro”, diz “e daí” para a vastidão de mortos e ainda afirma debochadamente que “todo mundo vai morrer um dia”.

O brasileiro parece ser muito afeito a uma tragédia desde que esta tenha simbolicamente a dimensão de tragédia, como quando ocorrem quedas de aviões. Pois bem, para ilustrar simbolicamente o tamanho desta tragédia diária, o país tem visto seus filhos morrerem todos os dias na mesma proporção de seis aviões caídos, e o governo o que faz: incentiva os viajantes a entrarem nos aviões danificados que certamente vão cair.

O deboche com que a família Bolsonaro trata o país decorre muito em função da falta de ação de quem deveria colocar freio nesta insanidade de uma família disfuncional e sabidamente paranoica. Instituições de Estado como o STF poderiam fazer muito mais do que têm feito, e as casas legislativas têm a obrigação moral, em nome da preservação de vidas do povo brasileiro que dizem representar, de colocar em votação um processo de impedimento (impeachment) do presidente, cujos crimes são fartos e vão desde pedaladas fiscais, o argumento utilizado para derrubar o governo da presidenta Dilma, até agressões claríssimas contra a constituição, a exemplo da defesa da ditadura e seus torturadores, que mataram quase quinhentos brasileiros, dos quais mais de uma centena sequer corpo os familiares tiveram para velar, além da tortura infligida a mais de 10.000 brasileiros cujo crime foi ser contra a ditadura. Alia-se a essa enojante defesa da ditadura, o estímulo, mesmo que dissimulado, e a participação em atos antidemocráticos pedindo o fechamento do STF e do legislativo, situações ocorridas no período de trevas ditatorial que o presidente tanto defende.

Os bolsonaros se sentem acima da lei e da ordem, e, infelizmente, há setores dos aparatos do Estado que contribuem para isso. A decisão da corte de justiça na semana passada foi uma clara demonstração, e, agora, mais um péssimo exemplo é dado pelo MP do RJ, que premia o primogênito da mansão e das rachadinhas, com a indicação de uma procuradora bolsonarista convicta para conduzir a investigação sobre ele, além de desmontar a força tarefa que investigava a família.

É hora das instituições a quem cabe zelar pela preservação do país e de seu povo agirem com o rigor e a urgência que a situação pede. PELA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE DO POVO DO PAÍS E PELA PRESERVAÇÃO DA DEMOCRACIA NO BRASIL, IMPEACHMENT JÁ.

Antonio Eustáquio Ribeiro é diretor da Fetec-CUT/CN e mestrando em Políticas Públicas