Nova linha de financiamento imobiliário pode trazer mais riscos

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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou nesta terça-feira (20), em cerimônia no Palácio do Planalto, uma nova linha de crédito imobiliário indexada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A medida, que vale para novos contratos de financiamento, terá juros entre 2,95% e 4,95% ao ano + IPCA, que é o índice que mede a inflação.

Embora o comunicado tenha sido feito ressaltando uma redução de 30% a 50% nas prestações imobiliárias, ao adotar o IPCA a longo prazo, pode-se ter um aumento do valor final do financiamento, já que é um índice regulado pela inflação. Se a inflação aumentar, a correção também tende a aumentar.

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) avaliou o comportamento mensal dos dois indicadores e concluiu que as variações do IPCA são muito mais abruptas e recorrentes do que as variações da TR. Ou seja, o IPCA é muito mais volátil do que a TR. A volatilidade do IPCA, associada ao perfil de longo prazo dos financiamentos imobiliários, torna a decisão de financiamento da casa própria mais arriscada, devido ao aumento no grau de incertezas.

“Estamos avaliando os números, as séries históricas e fica claro que em tempos de crise, prestações imobiliárias atreladas a índices de inflação podem gerar uma enorme disparidade entre a capacidade de pagamento dos trabalhadores e o valor das prestações.”, afirmou o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

De acordo com a Caixa, os novos contratos de financiamento habitacional terão o prazo máximo de 360 meses e a cota máxima de financiamento de 80%, sendo que a escolha da taxa aplicada será feita pelo cliente.

Atualmente, é cobrado pelo banco público juros que variam de 8,5% a 9,75% ao ano + TR (que hoje é de zero) nas principais linhas de crédito, como do programa Minha Casa Minha Vida.

Privatização

Durante a cerimônia de lançamento do IPCA para crédito imobiliário, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, relembrou todas as decisões tomadas em 2019 que aceleram o processo de privatização da Caixa.

“Em 2019 tivemos duas vendas de ativos importantes: do IRB e da Petrobrás. Não fazia nenhum sentido um banco como a Caixa ter aproximadamente 8 bilhões de ações de empresas de petróleo”, disse. Ele também lembrou que vai vender ações das subsidiárias mais rentáveis da Caixa, nas áreas de seguros, cartões, loterias e gestão de ativos.

Fonte: Fenae