Para debater a necessidade urgente de democratização dos meios de comunicação, como um eixo de luta, o primeiro painel do 12º Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno contou com a participação do jornalista Mauro Lopes, âncora do programa Fórum Café na TV Fórum, fundador e ex-âncora do programa Giro das 11, na TV 247 e ex-editor do Painel na Folha de São Paulo.
Lopes trouxe um panorama do cenário atual do país e explicou a importância da democratização da mídia em seu conjunto. Segundo estudo apresentado pelo jornalista, o Brasil é o terceiro maior consumidor de redes sociais em todo o mundo, e os brasileiros têm passado cada vez mais tempo conectados à internet, cerca de três horas por dia.
Em relação à propriedade e aos grupos que comandam as redes sociais, 74% estão centralizados na região Sul e Sudeste, sendo que 62% do conteúdo produzido é pautado por empresas de famílias que controlam, de forma cruzada, os meios de comunicação.
“Temos presenciado uma mudança brusca nos hábitos da sociedade. Nos últimos dez anos, houve a troca das fontes de notícias tradicionais para os sites e aplicativos e 47% do conteúdo noticioso advém da internet”, explica.
Outro aspecto levantado pelo jornalista sobre a mudança causada pelas redes sociais refere-se à falta de confiança e interesse nos meios tracionais de informação. Estima-se que atualmente 45% da população não busca se informar.
“Do ponto de vista da democratização, devemos contar com o que acontece no campo de batalha e com iniciativas midiáticas democratizadas, como da população negra, indígena, quilombola, mídias periféricas, ambiental, coletivos nacionais e diversos outros veículos que estão se espalhando, inclusive, o fenômeno dos podcasts, cada vez mais presente. Devemos elaborar modelos com formatos diferentes e pensar em um caminho de democratização e descentralização, com mídias periféricas galgando cada vez mais espaço e articulação”, concluiu.
Para Jefão Meira, secretário de Relações do Trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e um dos mediadores do painel, este é um debate pertinente. “É preciso fazer um debate interno e de dentro para fora. Nosso desafio é compartilhar essas informações e contribuir para construir um caminho rumo à democratização e trazer cada vez mais o sentimento de pertencimento à classe trabalhadora”, disse.
“Estamos realizando discussões importantes para conquistar melhorias efetivas na sociedade e nos bancos, pois temos muita influência nesse sentido. É um diálogo importante para a sociedade, além da democratização, é preciso também o incentivo ao acesso e à inclusão digital, porque em muitos lugares ainda existe um grande problema de conexão, o que afeta, inclusive, a educação”, avaliou a diretora da Fetec-CUT Centro Norte Aline Freire.
Programação
A programação do 12º Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno segue até o fim do dia. Na próxima mesa, Nádia Vieira, do Dieese, fala sobre a reforma tributária, durante análise de conjuntura nacional.
A categoria ainda debaterá e aprovará em assembleia o plano de lutas para o próximo período, além de eleger os delegados da região para a 25ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada em agosto.
Leidiane Souza
Colaboração para o Seeb Brasília
