Lucro de 1.623% deve-se à redução das despesas de provisões e à financeira

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O BRB (banco múltiplo) registrou um lucro líquido de R$ 30,63 milhões no primeiro semestre de 2006. Esse valor representa um aumento de 1.623,7% em relação ao mesmo período do ano anterior – um crescimento sem paralelo no setor bancário. Por outro lado, a rentabilidade anualizada do BRB, em 20,5%, continua aquém da média dos bancos públicos (44,0%).

Noutras palavras, o crescimento de 1.623,7% do lucro não é reflexo de nenhum resultado espetacular, mas uma simples adequação entre o lucro e o potencial financeiro da instituição. Pois, nos últimos anos, o BRB apresenta um desempenho muito volátil, em que período de forte crescimento é sucedido por outro de intensa retração, e vice-versa.

As receitas da intermediação financeira são a principal fonte de lucro dos bancos. No entanto, no BRB essas receitas apresentaram um desempenho modesto e, por isso, descolado do crescimento do lucro líquido. As receitas com operações de crédito e o resultado com títulos públicos cresceram 2,2% e 4,1%, respectivamente.

Cada vez mais, o resultado do BRB está condicionado ao comportamento das despesas de provisão para crédito de liquidação duvidosa. Dessa vez, o banco reduziu em 36,0% o volume dessas despesas, em direção contrária à tendência de elevação verificada no setor bancário nesse período. Além disso, a carteira de crédito do BRB apresenta um grau de risco superior à média do mercado. Em que o volume de crédito inadimplente (com atraso acima de noventa dias) representa 9,74% da carteira de crédito do banco, enquanto no mercado essa participação não chega a 4,0%1;

Além da redução das despesas com provisão, o banco múltiplo foi beneficiado pelo resultado contabilizado por suas coligadas e controladas. Entre elas, o BRB/Crédito, Financiamento e Investimentos S.A (BRB-CFI), cujo lucro líquido foi de R$ 33,13 milhões.

O BRB ainda apresenta uma contabilidade problemática, com um custo  operacional2  insustentável de 1,05. Quer dizer, para cada R$ 100,00 de receita, o banco gerou R$ 105,00 de despesa;

O montante de recursos destinados àquelas despesas (ODA), no valor de R$ 129,6 milhões, ultrapassa até mesmo as próprias despesas da intermediação financeira (R$ 108,0 milhões). Essa opção de gestão é recorrente no BRB desde o ano 2000. Tendo em vista que a Intermediação Financeira constitui-se na atividade bancária por excelência, é inexplicável que as despesas relativas a essa atividade não ocupem o espaço prioritário dentro do orçamento do Banco de Brasília, ao contrário do que se observa no setor bancário.

Por fim, as receitas de prestação de serviços (tarifas bancárias) registraram um crescimento de 23,9% no primeiro semestre de 2006, elevando o grau de cobertura para 73,2% sobre as despesas de pessoal, que aumentaram 13,4%.