Itaú: receitas de prestação de serviços é quase o dobro das despesas de pessoal

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Ao final do primeiro semestre de 2006, o Banco Itaú Holding registrou o maior lucro líquido semestral da história do setor bancário no Brasil. No valor de R$ 2,96 bilhões,  esse resultado é 19,56% maior do que o valor contabilizado no mesmo período do ano passado (R$ 2,47 bi). Desse total, o Itaú banco ¾ segmento com atuação no varejo bancário (clientes pessoas físicas) ¾ contribuiu com 63,76%. A administração do Itaú Holding prevê uma rentabilidade patrimonial anualizada de 35,7%,  praticamente dez vezes a inflação prevista para 2006, estimada pelo mercado em 3,74%. Com essa rentabilidade, é possível  recuperar todo capital próprio investido em menos de três anos, podendo inclusive dobrar a sua capacidade de operar com ativos de risco.

O expressivo lucro do Itaú deve-se sobretudo à intermediação financeira. No entanto, as receitas de prestação de serviços (RPS) representam a segunda maior fonte de renda da holding, perdendo apenas para as receitas do crédito. Entre as receitas financeiras, a maior são as operações de crédito, que cresceram 54,41%, encerrando o semestre com R$ 8,10 bi – mais do que o dobro do resultado das operações de tesouraria (títulos públicos e aplicações interfinanceiras de liquidez), que alcançaram R$ 3,72 bi, apesar do aumento de 191,24%. Destaca-se ainda o resultado financeiro de seguros, previdência e capitalização no valor de R$ 3,46 bi.

As receitas de prestação de serviços registraram um crescimento de 16,54% nesse período. Conforme dito, com um total de R$ 4,25 bi, essas receitas são superadas apenas pelas receitas de crédito. No semestre, a maior fonte de arrecadação veio dos cartões de crédito, no valor de R$ 989,01 bi. Em segundo lugar, estão as receitas geradas na administração de recursos (fundos e consórcios), no valor de R$ 911,21 bi e, em seguida, as tarifas de operações de crédito (R$ 777,71 bi). Juntas, elas são responsáveis por 63,04% das RPS.

Em relação às despesas financeiras, a provisão para créditos de liquidação duvidosa cresceu 102,24%. Na avaliação do banco, o aumento da inadimplência no início do ano justificou o expressivo aumento dessas despesas. As despesas com operações de captação no mercado mais do que triplicaram, subindo de R$ 1,05 bi para R$ 3,76 bi. As captações no mercado aberto cresceram 54,3%. No entanto, a principal fonte de captação do Itaú são os depósitos. Entre os quais, os depósitos a prazo representam 40,16% do depósito total, seguido pela poupança (36,48%).

Com o crescimento de 28,72% das operações de crédito, a participação destas operações sobre o total das aplicações do banco elevou para 39,08%, superando o volume das operações de tesouraria, que cresceram 23,46%, correspondendo a 37,49% das aplicações da instituição. Não obstante as expressivas taxas de juros dos empréstimos bancários, as operações de tesouraria, em particular aquelas vinculadas aos títulos da dívida pública, continuam sendo um “mercado” cativo, líquido e seguro para todo o sistema financeiro na obtenção dos crescentes ganhos do setor.

A forte expansão do crédito deve-se principalmente ao expressivo aumento da carteira de pessoa física, que impulsionada por um crescimento de 44,50%, representou mais da metade (53,00%) do crédito total. A ampliação dessa carteira atende uma estratégia da instituição na busca de maior lucratividade, com a migração de recursos para operações mais atrativas (com juros mais elevados), porém mais arriscadas (maior inadimplência), dada a  existência de uma relação direta entre risco e retorno.

Nesse aspecto, registra-se uma mudança radical na composição dos empréstimos por tipo de cliente do Itaú. Em junho de 2004, 45,6% dessas operações eram destinadas ao segmento das grandes empresas, enquanto o volume para pessoas físicas correspondiam a 28,3%. Em junho de 2006, a situação se inverte, sendo 29,6% para as grandes empresas e 45,5% para pessoas físicas.

Segundo os analistas do banco, as operações de empréstimos vinculadas às grandes empresas possuem taxa de juros e spreads menores. Pois, esse segmento dispõe de outras opções de financiamento, principalmente no mercado de capitais, por meio de emissão de ações e debêntures. Portanto, para atraí-los, o banco é forçado a reduzir a taxa de juros e, conseqüentemente, obter receitas menores.

As receitas de prestação de serviços representam quase o dobro das despesas de pessoal do conglomerado, que cresceram 13,66%, atingindo R$ 2,19 bi. Entre os itens que compõem as despesas de pessoal, o maior crescimento decorre de processos trabalhistas, na ordem de 43,12%.

Com relação ao montante destinado ao pagamento de Participações nos Lucros e/ou Resultados (PLR), o banco registrou um crescimento de 22,3%, totalizando R$ 275,37 milhões. Esse valor representa 9,30% do Lucro líquido do Itaú, um avanço em relação ao primeiro semestre de 2005 (9,10%). No entanto, a parte destinada aos empregados teve um crescimento de 16,07%, enquanto aquela paga aos administradores cresceu 38,8%. Por isso, a participação dos administradores ampliou de 27,33% para 31,02% do total da PLR, enquanto a parcela dos empregados foi reduzida de 72,7% para 69,0%.

Registra-se ainda o crescimento de 10,89% das outras despesas administrativas. Entre elas, o valor mais expressivo destina-se às despesas com processamento de dados e telecomunicações. No entanto, as despesas com serviços de terceiros evoluiu 13,54%, sendo responsável pelo segundo maior montante das outras despesas administrativas. 

INDICADORES DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2006/05

 

 

 

BANCO ITAÚ HOLDING – DADOS CONSOLIDADOS

 

 

 

 

 

 

 

Indicadores

1.sem/2006

1.sem/2005

Variação

 

 

 

 

Lucro Líquido (R$ bilhões)

2.958.277

2.474.521

19,56%

Patrimônio Líquido (R$ bilhões)

17.555.022

15.026.690

16,83%