Inflação sobe 0,83% em maio, a maior em 25 anos e atinge os mais pobres

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A inflação oficial no país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 0,83% em maio de 2021. O resultado, 0,52 ponto percentual acima da taxa de abril (0,31%), é o maior para um mês de maio desde 1996, quando atingiu 1,22%. Os dados foram divulgados pelo IBGE, nesta quarta-feira (9).

O acumulado no ano alcança os 3,22%, e o dos últimos 12 meses, 8,06%, acima dos 6,76% registrados nos 12 meses anteriores e bem acima do teto da meta (5,25%). A expectativa era de alta de 0,71% na comparação com abril de 2021 e de 7,93% frente maio de 2020.

Segundo o IBGE, o indicador de maio foi pressionado pela alta de 5,37% da energia elétrica que se deve a dois fatores. “O primeiro deles foi que em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril. O outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica”, pontua o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O segundo maior impacto no índice veio do grupo de transportes, que teve aumento de 1,15% em maio. O maior impacto foi da gasolina, que teve alta de 2,87%. Em abril, os preços haviam recuado 0,44%.

De acordo com o pesquisador do IBGE, houve esse recuo, em abril, porque no fim de março houve duas reduções no preço da gasolina nas refinarias, mas depois houve outros reajustes, que acabam chegando ao consumidor final. Outros produtos do grupo também tiveram seus preços aumentados, como o gás veicular (23,75%), o etanol (12,92%) e o óleo diesel (4,61%).

Entre as áreas pesquisadas, o maior índice foi apurado na região metropolitana de Salvador (1,12%) e o menor, em Brasília (0,27%). Em 12 meses, varia de 6,57% (região metropolitana do Rio de Janeiro) a 11,43% (Rio Branco). Também atinge dois dígitos em Campo Grande (10,91%).

Os nove grupos de produtos e serviços levantados sofreram alta em maio. O maior impacto e a maior variação (1,78%) vieram da Habitação, que acelerou em relação a abril. A segunda maior contribuição veio dos Transportes, cujos preços subiram 1,15%. Depois vieram Saúde e Cuidados Pessoais (0,76%) e Alimentação e bebidas (0,44%).

Alta é maior para os mais pobres

O IPCA se refere às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos. Já o INPC abrange as famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. Este ficou em 0,96% em maio, 0,58 ponto percentual acima do resultado de abril (0,38%).

É a maior variação do INPC para um mês de maio desde 2016 (0,98%). No ano, a alta é de 3,33% e, nos últimos 12 meses, de 8,90%, acima dos 7,59% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2020, a taxa foi de -0,25%.

Já a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 14 das 17 cidades analisadas entre abril e maio.

Com isso, o salário mínimo ideal subiu para R$ 5.351,11 em maio de 2021. Em abril, o valor havia sido de R$ 5.330,69. O mínimo ideal do mês é quase cinco vezes superior ao piso nacional vigente, de R$ 1.100.

Da Redação