IBGE: trabalhadores por aplicativos têm jornadas maiores, ganham menos e estão na informalidade

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Pesquisa divulgada nesta quarta-feira reforça que a precariedade do setor. Ou seja, esses “empreendedores” na realidade são explorados por empresas altamente lucrativas

Pesquisa divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (25) reforça que os trabalhadores por aplicativos no Brasil têm jornadas maiores e salários mais baixos que os do setor privado em geral. Ou seja, esses “empreendedores” na realidade são explorados por empresas altamente lucrativas. Segundo o levantamento, no final de 2022 havia no país 1,5 milhão de pessoas trabalhando por meio de plataformas digitais em serviços de transporte de pessoas e aplicativos de serviços. O dado é equivalente a 1,7% da população ocupada no setor privado.

Desse total, 52,2%, que representa 778 mil pessoas, tinham como atividade principal o transporte de passageiros. Já 39,5% (ou 589 mil) eram entregadores de comida pronta e outros produtos. Os trabalhadores de aplicativos na área de prestação de serviços somavam 13,2% (197 mil).

Desse universo de trabalhadores, 77,1% não têm vínculo empregatício algum, atuando por conta própria. E 9,3% são empregados do setor privado, mas sem carteira assinada. Para complicar o cenário, todos têm jornadas muito maiores que o total dos empregados de empresas. Os chamados “plataformizados” trabalhavam mais horas semanais (46h x 39,6h). E apenas 35,7% deles contribuíam para a Previdência.

Desvantagem em todas as áreas

Frente aos não plataformizados na atividade, os entregadores vinculados a aplicativo tinham menor rendimento (R$ 1.784 x R$ 2.210). E também menor proporção de contribuintes para previdência (22,3% x 39,8%) e trabalhavam mais horas semanais (47,6h x 42,8h).

Os pesquisadores do IBGE constataram também que a ampla maioria dos chamados trabalhadores plataformizados (81,3%) era do sexo masculino – prevalência muito maior do que os ocupados no setor privado (59,1%). Quanto à escolaridade, essa força de trabalho concentra, em sua maioria (61,3%), aqueles com níveis intermediários de formação. Principalmente no nível médio completo ou superior incompleto (61,3%).

As desvantagens desses trabalhadores por plataformas digitais vão além: o rendimento médio dos que têm nível superior é de R$ 4.319, menor que o dos ocupados não plataformizados com a mesma escolaridade, de R$ 5.348. Além disso, enquanto 44,2% dos ocupados no setor privado estavam na informalidade, entre os que trabalham para essas plataformas o percentual era de 70,1%.

Empresas fixam valores pagos aos “empreendedores”

A submissão é dos trabalhadores a imposição das empresas do setor é grande. Os motoristas de aplicativos de transporte de passageiros e os entregadores tinham alto grau de dependência das plataformas: 97,3% e 84,3%, respectivamente, afirmaram ser o aplicativo que determinava o valor a ser recebido por cada tarefa realizada e para 87,2% e 85,3%, respectivamente, o aplicativo determinava os clientes a serem atendidos.

Os dados apresentados pelo IBGE pertencem ao inédito módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. As estatísticas são experimentais, ou seja, estão em fase de teste e sob avaliação.

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Redação: Cida de Oliveira