Ibaneis se contradiz e aprova venda de parte do capital acionário do BRB

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Fotógrafo: Sérgio Lima

Numa notória contradição do compromisso assumido pelo governador Ibaneis Rocha, o Governo do Distrito Federal, principal acionista do BRB, decidiu passar para a iniciativa privada parte de seu patrimônio. O Conselho de Administração do banco autorizou o início dos estudos visando a realização de “follow-on”, ou seja, o BRB vai colocar à venda ações e o perfil do controle acionário da empresa pode mudar.

O comunicado oficial desta medida foi publicado no dia 21 deste mês, enquanto todos estavam envolvidos com os preparativos para os festejos natalinos.

Para o Sindicato, a iniciativa é vista como um primeiro passo para privatizar, ou, no mínimo, reduzir a participação do governo no BRB, criado em 10 de dezembro de 1964. Em 2018, o banco foi considerado a 34ª instituição bancária do país.

Ainda na campanha eleitoral, Ibaneis garantiu que não venderia estatais do DF. Mas as ameaças estavam sempre rondando e, aos poucos, foram surgindo sinais de alerta rumo às privatizações. O primeiro alvo foi a CEB, depois veio o anúncio de que a Caesb e Metrô também seriam privatizados. E agora chegou a vez do BRB.

É evidente a conexão direta entre as medidas do governo Ibaneis e a agenda econômica do presidente Bolsonaro, conduzida pelo ministro Paulo Guedes. O alinhamento com a cartilha financista e privatista, que se pauta na venda de diferentes empresas públicas, torna-se cada vez mais clara.

Fortalecimento do BRB

Mesmo sabendo que o governo tem muito mais a ganhar com o fortalecimento do BRB, que é um patrimônio do povo de Brasília, além de prestar relevante serviço social ao GDF, a movimentação do governador Ibaneis põe todos em alerta.

Conforme já reiterado pelos dirigentes sindicais, essa medida danosa poderá gerar grandes perdas aos trabalhadores, clientes, consumidores e usuários de seus serviços.

Durante o enfrentamento da crise provocada pela pandemia da Covid-19, o BRB foi um dos principais parceiros do GDF, operando uma série de benefícios que foram oferecidos a mais de 135 mil famílias em todo o DF. O banco assumiu o pagamento dos benefícios dos programas Renda Emergencial (R$ 408 mensais aos beneficiários) e Cartão Prato Cheio (R$ 250 mensais).

O BRB também assumiu o sistema de bilhetagem do transporte público e parte dos serviços do Departamento de Trânsito (Detran). E ainda disponibilizou um ambiente tecnológico para adesões e credenciamentos do plano de saúde do servidor, liberou inúmeras linhas de crédito e comandou ações durante a pandemia do novo coronavírus.

Além disso, em onda de crescimento ao longo de 2019, o Banco de Brasília (BRB) teve o maior lucro líquido recorrente da história. Os ganhos do ano passado chegaram a R$ 412,3 milhões, aumento de 56,8% em relação ao total registrado nos 12 meses de 2018. No quarto trimestre, a instituição lucrou R$ 129,5 milhões, crescimento de 78,9%. Os bons resultados só comprovam que o BRB precisa continuar público e forte para atender a sociedade.

O Sindicato reforça sua defesa de um BRB forte e público, conclama todos os funcionários do banco e a sociedade em geral para defender este patrimônio da sociedade do DF e cobra coerência de Ibaneis. Para tanto, o Sindicato acionou assessoria jurídica especializada e na manhã desta terça-feira (29) deu início às articulações com parlamentares e assessorias com vistas à defesa do BRB e para que o banco e o GDF em audiência pública deem transparência às pretensões.

Ações à venda

O atual valor de mercado do BRB equivale a duas vezes ao valor ofertado na privatização da CEB Distribuição. Mas ainda não se sabe qual parcela do banco o GDF pretende abrir mão, mas ela pode ultrapassar a um quarto das ações. Hoje, o GDF possui 75,44% das ações ordinárias, com direito a voto, e 96,85% das ações preferenciais, somando 80,33%, do total. Há também especulações de que ações repassadas em 2017 ao Iprev-DF poderiam entrar na venda.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília