FGTS perdeu R$ 2,3 bilhões com programa criado por Bolsonaro para se reeleger

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Plano do ex-presidente, que fez de tudo para tentar se manter no poder, mas que saiu derrotado por Lula, deixou rombo estratosférico em fundo público. Entenda o que ocorreu

Jair Bolsonaro (PL) fez o possível e o impossível para se reeleger em 2022, mas ainda assim saiu derrotado nas urnas para Lula (PT). Desesperado com a hipóteses à época cada vez mais provável de perder o cargo para o inimigo que demoniza, entre tantas medidas irresponsáveis e claramente eleitoreiras, o agora ex-presidente concebeu um plano ‘infalível’: usar o robusto FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), um fundo público que serve para proteger os trabalhadores que são demitidos sem justa causa, num programa de microcrédito que oferecia R$ 1.000 reais para qualquer cidadão, até mesmo com o nome sujo, e R$ 3.000 para microempresas em qualquer situação.

O problema foi justamente esse. Como não tinha critérios minimamente seguros, já que os valores eram repassados para qualquer mau pagador, R$ 3 bilhões foram usados por meio da Caixa Econômica Federal para a tal concessão de crédito, mas apenas menos de R$ 1 bilhão retornaram aos cofres da instituição. Resultado, mais de R$ 2,3 bilhões de prejuízo por conta dos inadimplentes.

“Em relação aos contratos inadimplentes, a Caixa informa que continua atuando na recuperação destes recursos, com o propósito de minimizar os prejuízos ao FGTS. Além disso, a presidência da Caixa determinou a abertura de auditoria interna para apurar os fatos relacionados à operação de microcrédito com garantia do FGTS”, respondeu o banco público a uma consulta da reportagem da Folha de S.Paulo sobre o calote.

Concedido por meio do aplicativo Caixa Tem, os R$ 3 bilhões usados por Bolsonaro no programa eleitoreiro foram colocados pelo FGTS no chamado FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças), no final do primeiro trimestre de 2022, mas menos de R$ 1 bilhão retornaram para lá até o final de julho deste ano. Ou seja, um prejuízo colossal.

À época dirigido por Pedro Guimarães, o ex-presidente da Caixa que caiu do cargo por escândalos de assédio sexual, o programa de microcrédito usando os montantes do FGTS teria sido idealizado após viagens dele a Bangladesh, Colômbia, Quênia, México e Peru, onde existiriam programas semelhantes. Porém, a absoluta falta de garantias para o pagamento resultou na experiência desastrosa.

Fonte: Fórum