Erradicar a violência contra as mulheres deve ser prioridade do movimento sindical

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Neste domingo (20) inicia os 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres e a CUT-DF realizará uma série de atividades para conscientizar a população

Em todas as partes do mundo, meninas e mulheres enfrentam, em diferentes escalas, a violência advinda do patriarcado. Ela está presente dentro de casa, no ambiente de trabalho, nas relações interpessoais, nas ruas, no transporte, nos locais de lazer, na política e em diversos outros espaços. Por isso, a luta em defesa das mulheres é internacional e permanente, envolvendo organizações, entidades, representantes da sociedade civil e milhares de ativistas ao redor do globo. No Brasil, começam, neste domingo (20), os 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, e a CUT-DF realizará várias atividades de conscientização e mobilização em prol desta causa, com a compreensão de que as trabalhadoras são maioria em nosso país.

 “Ninguém que sofre a violência doméstica deixa a violência em casa e vai para o trabalho”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães. A dirigente sindical afirma que a violência patriarcal interfere em todos os âmbitos da vivência, inclusive no trabalho.

 “A violência gera o adoecimento, uma pessoa que está nessa situação não tem condições de viver uma vida normal”, afirma a sindicalista. Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), mais de 160 mil violações envolvendo a violência doméstica foram registradas pela central apenas no primeiro semestre de 2022.

Conscientização

Thaísa acredita que, embora seja necessário defender as leis já existentes, elas não tiveram o impacto de erradicar as violências contra as mulheres. “É necessário fortalecer o que nós avançamos nos últimos anos. O principal instrumento de luta ainda é a organização dos movimentos das mulheres e a conscientização da sociedade”, afirmou.

Por isso, a CUT-DF realiza, na sexta-feira (25), uma panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto, a partir das 16h30. Além da distribuição de material haverá diálogo com a comunidade, para expor os tipos de violências sofridas pelas mulheres, os canais de denúncia existentes e como agir caso seja vítima de algum tipo de violação.

Para compartilhar as informações no movimento sindical, e consequentemente entre as trabalhadoras, acontecerá, na terça-feira (29), a Plenária Mais Mulheres na Política, a partir das 18h30, no auditórioda CUT-DF.   

Um longo caminho

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, assim como o 8 de março, os 21 Dias de Ativismo nos lembram que existe ainda um longo caminho para percorrer até que possamos alcançar a equidade.

“Nos últimos seis anos nossas pautas vêm retrocedendo e sofrendo ataques. Embora Bolsonaro tenha sido derrotado, temos um congresso conservador, que tende a continuar retirando direitos das mulheres”, afirmou Thaísa.

“Esse retrocesso não se aplica só a pautas como o direito ao corpo. Até hoje, no Brasil, não é regulamentado o assédio moral, então a reflexão do machismo no local de trabalho é muito atrasada. As mulheres são o principal alvo do assédio moral e não tem legislação que regulamente o assédio moral, o projeto de regulamentação foi vetado por Bolsonaro em 2019. Fica como uma coisa errada mas não tem definição do que é e como a justiça deve punir”, explicou a sindicalista.

Os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres têm início, no Brasil, no Dia da Consciência Negra, por considerar a dupla vulnerabilidade das mulheres negras. “Ainda somos as que mais sofrem violência doméstica, assédio moral e sexual, que temos menor acesso à escolaridade, os mais baixos salários, os empregos mais precarizados, dentre várias disparidades oriundas da construção machista e racista do nosso país”, pontuou a secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Samantha Sousa.

História

O Dia Internacional de Luta contra a Violência à Mulher, 25 de novembro,  teve origem há 62 anos, quando três irmãs, conhecidas como “Las Mariposas” foram encontradas mortas por se oporem ao regime ditatorial do presidente Rafael Leónidas Trujillo, na República Dominicana. Dias antes, a ativista Minerva Mirabal, uma das irmãs, foi advertida sobre o que aconteceria. Então, ela disse a seguinte frase: “Se me matam, levantarei os braços do túmulo e serei mais forte”. Mal sabia que além de ser uma forte demonstração de coragem, o seu dizer seria uma profecia, pois a luta de Minerva e de suas irmãs eternizou-se em cada mulher que enfrenta a violência de gênero até os dias atuais.

Fonte: CUT-DF