Em um ano, inflação brasileira dobra e poder de compra encolhe

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O gráfico da inflação acumulada nos últimos 12 meses revela o que muitos brasileiros estão sentindo no bolso: está cada vez mais difícil arcar com os custos de itens e serviços básicos no país. Com a inflação na casa dos dois dígitos, o acordo bianual assinado em 2020 pelos bancários foi a melhor estratégia para garantir reposição mais ganho real na data-base setembro de 2021.

De acordo com o resumo de indicadores de conjuntura, elaborado pela subseção Dieese/Bancários-DF, de fevereiro de 2021 para fevereiro deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) saltou de 5,53% para 10,60% enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,56% para 10,38%. Esses índices, somados à alta dos juros, desestimulam o consumo e a atividade econômica e aumentam o custo do crédito e da oferta. Além disso, afetam negativamente as negociações salariais.

Diante do cenário, a economista do Dieese, Nádia Vieira de Souza, destaca que bancários e bancárias acertaram na hora de fechar um acordo bianual com os bancos. “Os trabalhadores do ramo financeiro garantiram a reposição da inflação que, na data-base setembro de 2021 chegou a 10,42%, e mais ganho real. Essa não foi a realidade em outras categorias. Em quase metade das negociações ocorridas no ano passado, os trabalhadores não conseguiram sequer repor a inflação na data-base, amargando perdas salariais”, comentou a economista.

De acordo com a especialista, o impacto deste aumento da inflação é percebido de formas diferentes de acordo com o nível de renda dos brasileiros. Quem ganha menos, tende a comprometer mais de sua renda com itens e serviços básicos como energia e alimentação. Independente de remuneração, é um absurdo que uma cesta básica na capital federal custe em média R$ 600 enquanto o salário mínimo é de R$ 1.212. Para o Dieese, o salário mínimo brasileiro deveria ser de R$ 5.997,14 para comportar as demandas e custos no país.

Vale destacar também que, segundo o resumo de indicadores do Dieese, está em 25% a taxa de subutilização no mercado de trabalho brasileiro, que corresponde aos desocupados, aos subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e aos desalentados que gostariam de ter um trabalho. Só no DF, a taxa de desemprego já chega a 15,9%, de acordo com dados da PED.

Indicadores-de-conjuntura-Fevereiro2022

Da Redação