Em lançamento de fórum, trabalhadores reiteram importância das estatais

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Entidades sindicais que representam as categorias do BRB, da CEB, da Caesb e do Metrô lançaram na terça-feira (18), no Teatro dos Bancários, o Fórum da Sociedade Civil em Defesa das Empresas Públicas do DF. De iniciativa da deputada Erika Kokay (PT-DF), o fórum tem por objetivo a unificação de forças em defesa das empresas públicas do Distrito Federal, alvo de constantes ameaças de privatizações.

O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, lembrou que a mídia passa a ideia equivocada de que o que é privado é melhor que o público. “Precisamos combater isso”, disse ele na abertura do evento, acrescentando que, “neste momento, quem pode ser parceiro nesta empreitada é a sociedade civil para que, ao lado de todos os trabalhadores, possamos fazer a defesa do patrimônio público”.

“Não tenho dúvida de que a solução é um diálogo para além dos trabalhadores das estatais, indo ao encontro da sociedade. Este pontapé inicial é fundamental porque amadurece a qualidade dos debates anteriores”, ressaltou Kleytton Morais, diretor do Sindicato.

Kleytton, eleito novo presidente do Sindicato, acrescentou: “Estamos num processo de ruptura paradigmática. As elites nacionais se curvaram e não têm um projeto propriamente de país ou de inclusão. Elas se renderam a uma lógica muito estreita do rentismo. O projeto é só a concentração, a maximização de renda na mão de poucos e um total alheamento sobre qualquer projeto de discussão de país”.

O dirigente sindical considera essencial demonstrar a efetividade dessas empresas e de todas as instituições públicas para se fazer um projeto de fortalecimento de nação, de desenvolvimento com inclusão. “Para incluir esses milhões de brasileiras e brasileiros que estão em condições precárias de vida é fundamental a existência das estatais, com o comprometimento técnico que os trabalhadores dessas empresas têm e estão aí para colaborar para o conjunto da sociedade brasileira”.

Ataques duros

Ex-presidenta do Sindicato e deputada federal, Erika Kokay apontou: “Estamos vivenciando ataques duros, tanto a nível local quanto nacional”. Segundo ela, tanto Bolsonaro quanto Ibaneis têm uma mesma lógica de quem não faz e não constrói um projeto de desenvolvimento nacional. “Eles têm uma lógica financeirizada da economia que faz com que se abra mão, não achem necessárias as empresas públicas”, disse, reiterando que a retirada das empresas públicas aprofundam ainda mais as desigualdades no Brasil.

A deputada enfatizou que o processo de privatização começa com a redução de direitos, com o barateamento do custo da empresa para quem vai comprá-la. Ela citou que, “na época de FHC, com a tentativa de privatização, houve a destruição do plano de carreira (das empresas), ataques profundos aos movimentos (sindicais e sociais), inclusive com demissão sem justa causa como política de gestão, diminuição da capacidade de mobilização, retirada de direitos”.

Erika concluiu citando a campanha recém lançada pelos funcionários do Banco do Brasil: “Não mexam no meu BB”. E conclamou: “Tirem as mãos das nossas empresas porque elas pertencem à população do DF”.

Processo nocivo

Por sua vez, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) alertou: “É uma luta contra forças poderosíssimas”. Ele lamentou que a população desinformada acha que a privatização é uma boa coisa. E finalizou: “Espero que consigamos fazer com que o governador Ibaneis entenda que não dá para entregar essas empresas, e, futuramente, possamos comemorar a retirada desse processo tão nocivo”.

Já o deputado distrital Fábio Félix (PSOL) afirmou que o governo do DF não tem compromisso com a classe trabalhadora. “Estamos numa empreitada em defesa dos direitos e resistindo aos ataques de Ibaneis”.  Ele criticou a postura do governador “de apostar na privatização das empresas públicas acreditando que isso vai melhorar os serviços”.  

Para o distrital, este posicionamento de Ibaneis é falso e grave. “É fruto de um conjunto de ataques a todos os segmentos da população. Não se entende o ser humano e o trabalhador como prioridades. Há muita arrogância na forma como se conduz as políticas públicas, entregando à privatização nossas estatais, que são empresas estratégicas para o DF”, enfatizou.  

Empresas na mira

Secretário-geral do Sindicato e bancário do BRB, Cristiano Severo falou da importância do fórum para fortalecer a atuação em conjunto na defesa das empresas públicas. “Essa unidade, o esvaziamento de vaidades, uma unidade real, será necessária para que façamos um enfrentamento e tenhamos êxito”.

Cristiano destacou que, “como representantes dos trabalhadores, precisamos estar solidários uns com os outros, nesse contexto político que gera preocupação e insegurança. Por isso, precisamos contagiar cada colega, cada trabalhador para que consigamos êxito nesta nossa luta”.

Ivan Amarantte, diretor da Fetec-CUT/CN e bancário do BRB, complementou: “O fórum é fundamental para que as empresas públicas do DF possam demonstrar um outro cenário possível e que possa beneficiar a população local, evitando a privatização que, caso venha a ocorrer, poderá gerar grandes danos aos trabalhadores, clientes, consumidores e usuários de seus serviços”.

Diretor de Relação Sindical do Sindmetrô-DF, Hugo Lopes destacou que “o fórum é uma iniciativa fundamental que nos dá voz para combatermos as diversas inverdades colocadas pelo governo do DF”. E falou das pressões que a classe trabalhadora vem sofrendo, com os seus direitos sufocados, e da dificuldade de enfrentar essa batalha, que é a privatização do Metrô.

O STIU-DF também considera imprescindível submeter o debate da privatização à população e aos parlamentares. “O foco da luta contra as privatizações precisa ser a sociedade, pois ela é a verdadeira interessada na não concretização desse processo”, defendeu a dirigente sindical do entidade que representa os trabalhadores da CEB, Fabiola Antezana.

Henrique de Faria, diretor do Sindágua-DF, observou que a Caesb já tem um histórico de luta, inclusive com participação no fórum em defesa dos trabalhadores e contra a privatização. “Hoje temos um serviço público de excelente qualidade no DF e precisamos reforçar nossa luta para a sua permanência como empresa pública e para manter a eficiência dos serviços prestados à população local”.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília