Dirigentes sindicais querem nova assembleia para decidir destino da Associação Brasil

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Os diretores da Associação Brasil (AB), associação recreativa de ex-funcionários dos extintos Bamerindus e HSBC, ligados ao movimento sindical, decidiram, em reunião na segunda-feira (16), em Curitiba, reivindicar uma nova assembleia dos sócios, para a realização de um planejamento estratégico a fim de solucionar os problemas financeiros da entidade.

Os dirigentes sindicais não concordam com a venda de unidade com valores abaixo do mercado. Eles querem manter uma AB nacional, com clubes em todos estados do Brasil e infraestrutura necessária para receber os associados de outras localidades, além de se manter atrativo.

Por outro lado, os diretores ligados aos aposentados querem vender todas as unidades e permanecer apenas com a de Curitiba, onde eles moram. Por isso, os diretores do movimento sindical também vão sugerir em assembleia uma reforma estatutária, para que, em caso de dissolução dos bens da associação, seja de direito dos associados que contribuem mensalmente.

A AB possui mais de 20 clubes por todo o país e um patrimônio estimado em cerca de R$ 800 milhões. Tanto o Bamerindus quanto o HSBC contribuíam com valores mensais para a entidade, mas o Bradesco, que comprou o HSBC em 2016, não quis mais continuar com os aportes.

Os diretores do Sindicato dos Bancários de Brasília Paulo Frazão e Raimundo Dantas garantem que vão continuar defendendo a AB do Distrito Federal.  “Contem sempre com o nosso apoio nesta luta”, enfatizam.

Discussão sobre as vendas

No leilão das unidades, realizado no dia 9 de setembro, foram apresentadas propostas abaixo do valor real. Com isso e em função da falta de um plano estratégico, a comissão de venda, formada pelos 16 integrantes da direção da AB, realizou uma votação para vender ou não. O resultado foi 8 a 8, o que inviabiliza as vendas nesta oportunidade.

Porém, na reunião desta segunda (16), o presidente da AB optou por decidir o pleito no Conselho de Administração. Embora na assembleia que definiu a venda de nove clubes tenha ficado estabelecido que a comissão de venda deveria dar o aval final, isso não ocorreu. Mas como uma parte da diretoria quer vender todos os clubes, medidas judiciais estão sendo tomadas para impedir essa decisão.

“As unidades não foram vendidas por falta de planejamento estratégico e por uma insegurança jurídica, pois a assembleia que aprovou a venda permitiu o leilão de apenas nove unidades, e alguns diretores querem incluir todas no negócio. Por isso, precisamos de uma nova assembleia, para discutir essas vendas, além de realizar uma mudança estatuária, para que, em caso de dissolução, o patrimônio vá para os associados”, afirmou Rubens Branquinho, diretor da AB.

Os oito integrantes que não concordaram deixaram muito claro que, enquanto não for cumprido o acordo da composição da chapa única e das condicionantes colocadas na oportunidade, não irão homologar mais nenhuma venda. 

“Nós entendemos – com pareceres jurídicos, inclusive – que pelo menos duas delas, que o patrimônio deva ir para os sócios. Nós queremos também planejamento estratégico, para mudar os rumos da entidade”, explicou Sérgio Siqueira, diretor da Contraf-CUT e membro do Conselho Fiscal da AB.

Túnel do Tempo

A Associação Bamerindus, hoje Associação Brasil, foi criada nos anos 1950, como Caixa Assistencial. Na década de 1960, a Caixa Assistencial passou a se chamar Associação Bamerindus e as atividades da Caixa Assistencial passaram para Apaba. A ideia era criar uma forma de recreação e lazer para seus funcionários. Durante décadas, ela cumpriu seu papel, tendo seu auge nos anos 1990, com festas e shows.

Um pouco antes da vinda do HSBC, os eventos começaram a perder sua força. Depois disso, há uns 15 anos, a AB começou a declinar, culminando com a retirada do aporte que o banco HSBC dava mensalmente para a sobrevivência da entidade, de R$ 350 mil mensais, que o Bradesco deixou de contribuir.

Alguns integrantes do movimento sindical começaram a fazer parte da direção da AB, mas em número pequeno. E sempre com a proposta de que iam no sentido de ter uma AB que andasse com suas próprias pernas, sem precisar de aporte do banco, com uma modernização, construção de chalés em alguns clubes, convênios e a volta das festas – dentre outras propostas -, que nunca foram atendidas.

Depois da retirada da contribuição e sem nenhuma atitude sequer para uma recuperação, a maioria dos clubes estão em estado de semiabandono. Alguns tiveram que ser vendidos para pagar dívidas. Apesar de toda essa situação, existem, por exemplo, funcionários com altos salários, absolutamente fora da realidade. A última tentativa de uma recuperação da entidade foi em junho do ano passado, quando foi formada uma chapa única, desde que fossem atendidas as seguintes condicionantes (nenhuma delas, porém, foram cumpridas):

  1. Reforma estatutária como prioridade;
  2. Revisão do Regimento Interno tornando a AB mais atrativa e viável;
  3. Realizar planejamento estratégico de gestão para pensar a AB como um todo;
  4. Contratação de empresa de administração especializada (acabar com o atual modelo de administração geral);
  5. Coordenação paritária de todos os clubes (pelo menos uma indicação de cada);
  6. Implantação do processo de reestruturação e modernização dos clubes;
  7. Ação permanente de atração de novos sócios;
  8. Gestão de captação de parcerias e convênios;
  9. Associação com outras empresas para utilização dos clubes (convênios corporativos);
  10. Parcerias com outros clubes para atendimento aos associados em regiões não assistidas;
  11. Promoção de eventos e atividades sociais e esportivas

    12.Convênios com empresas de planos de saúde, seguros, previdência, clube de vantagens e etc, como forma de ofertar aos associados e comissionar a AB.

Atualmente, oito membros da direção da AB são oriundos do movimento sindical: João Analdo (SP/MS), Liliane Fiuza e Sérgio Siqueira (SP), Rubens Branquinho (RJ), Jorge Ferreira e Valdir Lau (PR), Lucio Paz (RS), Geraldo Rodriges (BH).

Da Redação com Contraf-CUT