A valorização do salário mínimo, a queda no desemprego e reajustes salariais acima da inflação para a maioria das categorias são alguns dos fatores positivos citados pela técnica do Dieese Paula Reisdorf durante sua palestra no Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno, realizado no último sábado, dia 20, pelo Sindicato. “O PIB no ano passado subiu quase 3%, bem acima do esperado. Com o aumento real do salário mínimo, a ampliação da isenção do Imposto de Renda, tudo isso impacta na economia, aumenta o poder de compra do trabalhador”, analisa.
Ela salientou, contudo, que, apesar desses fatores favoráveis, há muitos desafios a vencer na Campanha Nacional dos Bancários em 2024. A alta taxa de juros, que mesmo estando no menor patamar desde 2022, ainda é uma das mais altas do mundo e acaba freando o crescimento econômico e endividando as famílias.
No caso dos bancários, preocupam ainda o aumento no processo de eliminação de postos de bancários e a substituição por trabalhadores com outros vínculos profissionais, mas que na prática exercem a função de bancário. No Brasil, foram eliminados 70 mil postos de 2012 a 2021, mas os empregos no ramo financeiro não diminuíram.
“As mudanças tecnológicas reduzem as agências e provocam o crescimento dos correspondentes bancários em farmácias, supermercados. A reforma trabalhista de 2017 também causou diminuição da contratação de bancários, por terem acordos coletivos e convenções, e ampliou bastante a terceirização”, alertou a pesquisadora do Dieese, lembrando que a proporção de trabalhadores em cooperativas de crédito em relação à categoria bancária aumentou de 8% para 21% entre 2012 e 2021. Enquanto isso, os lucros dos bancos no ano passado mais uma vez bateram recorde, R$ 108,6 bilhões.
Ao final do debate, o diretor do Sindicato Wandeir Severo ressaltou que a organização dos trabalhadores será determinante para a construção de uma campanha nacional vitoriosa.
Junia Lara
Colaboração para o Seeb Brasília
