Comando rejeita proposta com reajuste zero, e Sindicato convoca categoria para a luta

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Fenaban busca engordar os rentistas a partir do achatamento dos direitos dos bancários e bancárias

Em rodada de negociação nesta terça-feira (25), a 11ª desde o início das discussões da pauta de reivindicações da categoria bancária, a Fenaban manteve-se intransigente na imposição de arrocho salarial e no rebaixamento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com retirada de direitos dos trabalhadores. A representação dos bancos age como Hobin Hood às avessas, tentando tirar dos bancários e bancárias para engordar os rentistas com altos lucros.

Os bancos propuseram acordo com reajuste zero por dois anos com abono de R$ 1.656,22 em 2020 e de R$ 2.232,75 em 2021. Além disso, propõem teto de distribuição da PLR, segundo comparativo com os percentuais do lucro líquido distribuído em 2019.

O Comando Nacional dos Bancários considerou a proposta muito distante do que reivindica a categoria. A avaliação é de que a nova formulação da PLR piora ainda mais a proposta anterior.

“Ao propor como teto para distribuição da PLR o percentual sobre o lucro líquido relativo ao ano de 2019, a Fenaban relativiza a regra de modo a que, nos períodos de menor performance das instituições de crédito, esse desempenho inferior seja compensado com a diminuição da PLR dos bancários em favor dos acionistas dos bancos”, explica o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Para o dirigente, “não tem sentido mudar a regra da PLR, pois a sua regra já é balanceada. Trata-se de um absurdo que ilustra bem o pensamento de parte das elites nacionais e que foi muito bem caracterizado por Celso Furtado: ‘os lucros privatizam-se; os prejuízos socializam-se'”.

Retrocedendo à era FHC

Ao apresentar a proposta de reajuste salarial, um dos pontos centrais na pauta econômica, os representantes dos bancos demonstraram alinhamento com o arrocho proposto pelo governo Bolsonaro e que retrocede aos anos 1990, um período de triste memória para a categoria bancária, em razão de grandes perdas no poder de compra dos salários.

“Fomos enfáticos na nossa posição de nenhum direito a menos e na recusa à volta da política de congelamento de salários e pagamento de abonos imposta pelos neoliberais de plantão no período dos governos de Fernando Henrique Cardoso, o FHC. Não vamos permitir esse retrocesso e vamos à luta por condições dignas trabalho, saúde e reconhecimento ao nosso esforço e à nossa capacidade de produzir os excelentes resultados que os bancos seguem alcançando, mesmo nesse momento de combinação das crises sanitária e econômica”, diz Kleytton.

Deduções em caso de tributação

A proposta rejeitada pelo Comando impunha ainda previsão de dedução na PLR a partir de 2023, no caso de ações coletivas que impliquem aos bancos recolhimento de tributos sobre PLR. Os impactos dessa medida, em caso de condenação, valeriam para os funcionários da base sindical.

O mesmo valeria para as verbas do VA/VR, no caso de ação civil pública de iniciativa dos sindicatos.

Teletrabalho

Em relação ao teletrabalho, a Fenaban propõe:

  • possibilitar acesso das entidades aos trabalhadores que estão em home office;
  • criação de grupo de trabalho bipartite com natureza transitória e acesso às informações pelo sindicatos;
  • facultar aos sindicatos, uma vez a cada ano, acesso aos trabalhadores em teletrabalho, para campanhas de sindicalização.

Organização e mobilização

Ao se posicionar contrário ao acordo nos termos propostos pela Fenaban ao final de 11 rodadas de negociação, o Comando Nacional orientou os sindicatos a manterem suas bases em estado de assembleia extraordinária permanente, de modo a fortalecer a organização da categoria e aumentar a pressão sobre os bancos.

“A partir do cenário das negociações, o Comando repassará avaliações e encaminhamentos às assembleias, garantindo assim pronta resposta da categoria, de forma organizada e com forte poder de mobilização”, explica o dirigente sindical.

O presidente do Sindicato informa que, a partir da expressiva carreata realizada sábado (22) na região central de Brasília, a entidade vem planejando iniciativas por todo o DF. “Estamos definindo um vigoroso calendário de luta, inclusive com manifestações presenciais que resguardem o necessário distanciamento social. Vamos ocupar as ruas e também as redes sociais. É hora da participação de todos e todas”.

Da Redação