Com chamamento à unidade e em defesa de um país mais justo, começa a 24ª Conferência Nacional dos Bancários

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Os delegados e delegadas de todo o país abriram na noite desta sexta-feira (10) à 24ª Conferência Nacional dos Bancários, que ocorre no Hotel Holiday Inn, no Parque Anhembi, em São Paulo, em formato híbrido. Até o domingo (12), bancários e bancárias realizarão uma série de debates, a partir das propostas colhidas nas bases sindicais, que culminarão com a aprovação da pauta geral de reivindicações e do plano de lutas da categoria para a Campanha Nacional 2022.

O início da abertura solene do encontro foi marcado por uma emocionante homenagem dos trabalhadores a todas as vítimas da covid-19 no país – resultado de uma política nefasta do governo Bolsonaro, que desde o início da pandemia adotou uma postura negacionista. Ao som da interpretação de Elis Regina da música Canção da América, composta por Milton Nascimento, os bancários e bancárias acenderam a lanterna dos seus celulares, iluminando todo o auditório  – que teve as luzes apagadas -, cada um simbolicamente representando um importante “ponto de luz” num país imerso no obscurantismo.

O tema da Conferência deste ano, em que brasileiros e brasileiras irão às urnas nas eleições majoritárias dentro de uma conjuntura extremamente difícil, é “Um país mais justo pra gente. Este é o Brasil que a gente quer!”. Foi em torno desse espírito que giraram as intervenções dos integrantes da mesa de abertura, enfatizando que alcançar esse objetivo passa necessariamente por eleger candidatos progressistas e comprometidos com as pautas sociais.

“Depois de termos realizado, de quarta-feira para cá, os congressos de bancos privados, o Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil e o Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal, estamos na disposição de estabeleceremos um plano de luta, um calendário de mobilização para viabilizar a implementação da pauta de reivindicações da categoria. Também saímos dessa abertura com a certeza da luta que devemos empreender ao lado dos demais trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, que estão desalentados e desalentadas, amargando a opressão, amargando inclusive a questão da insegurança alimentar”, assegura o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, que participa presencialmente do evento.

“Com esse diagnóstico, com a determinação de lutar para mudar o quadro colocado para o povo brasileiro, é que nós, bancárias e bancários, vamos construir com muita força essa Campanha Nacional, que será decisiva, porque é mais do que um processo legítimo para renovação de direitos por meio da renovação da Convenção Coletiva e dos acordos coletivos; é um campanha do processo de restabelecimento da liberdade democrática em nosso país, para que tenhamos a dignidade de voltar a sonhar, de voltar a ter esperança no futuro e no presente. E isso só será possível com a participação de cada um e cada uma dos bancários e bancárias, que terão um papel decisivo de intervenção na conjuntura política em outubro”, acrescentou o presidente do Sindicato.   

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, lembrou que este é especial, porque a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária completa 30 anos e “a missão da 24ª Conferência Nacional do Trabalhadores do Ramo Financeiro é fazer um bom plano de lutas para sairmos vitoriosos em todas as nossas batalhas. Para acabar com a fome, o desemprego, a precarização, a entrega do nosso patrimônio, a concentração de renda e as desigualdades”.

Juvandia também destacou a unidade da categoria em torno da defesa de seus direitos. “Nestes 30 anos de história, com tantas lutas bonitas, com todos os pensamentos diferentes que tempos, mas com respeito conseguimos nos manter unidos por saber contra quem lutamos”, ressaltou.

O Brasil que a gente quer

Juvandia lembrou também que é importante que a Conferência discuta o Brasil que a gente quer.

“Os trabalhadores são atacados, não apenas por Bolsonaro, mas por todos que se uniram para dar o golpe e derrubar Dilma Rousseff. E quem pode mudar isso somos nós, precisamos acordar e entender que somos 99% e que este Brasil é de todas, de todas e todes”, disse. “E essa categoria, que consegue tantas vitórias, pode contribuir com a mudança deste país, pois a gente quer ser feliz e queremos ver o outro feliz também. Para isso temos que trabalhar todos os dias e debate o Brasil que a gente quer. Fazer nosso papel nas redes e nas ruas”.

Mas ela ressaltou que não adianta fazemos uma ótima campanha e conquistar um acordo com aumento real e garantir todos os direitos e depois o Bolsonaro ser eleito e atacar a Caixa, o Banco do Brasil o Basa, o BNB e tirar direitos das trabalhadoras e trabalhadores.

“Os 30 anos de CCT nos traz uma grande responsabilidade que vai mudar este país, tirar Bolsonaro e eleger Lula Presidente para superarmos este momento tão trágico de nossa história. E que a gente aprenda o que aconteceu no Brasil e no mundo e evoluamos.

A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva, disse que se sente “orgulhosa por pertencer à categoria bancária”, porque se trata de uma categoria que discute a inclusão de modo global. “Qual espaço político, qual categoria tem duas mulheres no comando, como a nossa?”, questionou. “E democracia é isso, a inclusão de todos, o respeito à diversidade”, disse. E é “esse exemplo que queremos para o Brasil: solidariedade, inclusão, representação em todos os espaços, como o Legislativo, é importante ver a negro, a mulher negra no parlamento”, argumentou. Ivone lembrou que o “golpe de 2016 foi para que milionários ganhassem ainda mais, e hoje tivemos mais uma parte do golpe, que foi a venda da Eletrobras para um dos maiores bilionários do país que apoiou o golpe contra a Dilma”. A dirigente chamou a atenção da categoria para a necessidade de “resgatar a democracia, com uma pessoa que inclua os pobres no orçamento, que é o Lula, que já provou que faz isso”. Ela reforçou que o movimento sindical é muito importante para a democracia e faz parte da democracia dos grandes países. “Por isso somos muito atacados, e é isso que nossa categoria discute além da nossa pauta de reivindicações. Por isso queremos, sim, discutir o Brasil que queremos, para resgatar com Lula nossa dignidade e nosso estado de bem estar social”, concluiu.

Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), desejou que a categoria tenha muito sucesso na campanha salarial, pois é de fundamental importância para motivar as demais categorias de trabalhadores do país a unificar e conquistar direitos. O presidente destacou o empenho da categoria bancária em criar diversos comitês de luta que possam ajudar na campanha de Lula presidente. “Nós sabemos que a campanha salarial é importantíssima, mas a campanha eleitoral, daqui a três meses e meio, é ganhar ou ganhar. Perder as eleições presidenciais significa a manutenção da fome, da miséria, da pobreza e não podemos mais continuar assim. A saída é ganhar as eleições e derrotar o bolsonarismo, e a categoria está de parabéns por estar unificada nessa luta”, destacou Sérgio Nobre.

O presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec Centro-Norte), Cleiton dos Santos Silva, reforçou a importância da unidade da categoria bancária na luta pelos direitos dos trabalhadores. “Os desafios que temos para essa campanha não são pequenos, mas são possíveis e nós já demonstramos que somos capazes de alcançá-los e vencê-los. Percebo, com muita clareza, que precisamos eleger o presidente Lula para coordenar essa transformação nesse tempo vindouro. Mas precisamos ir além, eleger um novo parlamento, porque assim teremos certeza de não termos um parlamento golpista como em 2016. A categoria bancária, com a capacidade que temos de unidade nacional, somos plenamente capazes de ajudar toda a classe trabalhadora para seguir no rumo dessa transformação.”

Da Redação com Contraf-CUT

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