Categoria vai intensificar cobrança por aumento da segurança bancária

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Bancários e clientes continuam reféns da intransigência dos banqueiros. Apesar dos constantes assaltos, seqüestros e até mortes, os bancos insistem em não investir em segurança nas agências. Por isso, a categoria vai intensificar, na campanha salarial deste ano, como um dos eixos de mobilização, as ações para melhorar a segurança bancária nas agências.
  
Por não investirem em segurança, as instituições financeiras pagam mais de R$ 630 mil em multas. As infrações mais comuns são falta de vigilantes, alarmes inoperantes, falta de plano de segurança para a unidade e transporte de numerário feito por bancários.

Violência
 
Quase que diariamente uma agência bancária é assaltada. E alguns assaltos terminam em tragédia. Em 21 de julho, dois bancários do Bradesco foram vítimas de seqüestro relâmpago. Eles foram surpreendidos na rua da agência Embu das Artes, em São Paulo, momentos depois de sair do trabalho. O gerente de contas da agência, Fabiano Aparecido de Sousa, morreu ao tentar reagir.
  
Ele e a recepcionista, Janaina Galani Cruz, foram rendidos no carro dela por dois homens. No Jardim Santa Clara, outros dois bandidos foram integrados à ação criminosa. Um dos homens pegou o cartão do Bradesco de Fabiano e realizou saques da conta do rapaz. Em seguida, após ameaças, os bandidos separam o casal de funcionários. Fabiano, temendo que Janaina sofresse algum tipo de agressão física, tentou reagir. Na ação o gerente foi baleado com três tiros e morreu na hora. Janaina foi atingida de raspão.
   
No município de Camaçari (BA), região metropolitana de Salvador, 12 assaltantes tentaram roubar a agência do Bradesco no último dia 31 de julho. A ação durou cerca de 20 horas e começou ainda no domingo, quando o carro do tesoureiro do banco, Roberto Luiz da Silva, 43 anos, foi interceptado enquanto voltava para casa com a família. O funcionário e os parentes foram mantidos em cativeiro por toda a noite.
   
Na manhã de segunda, o empregado foi levado ao banco para sacar dinheiro com explosivos presos ao corpo. Ao perceber a movimentação estranha, o gerente da agência chamou a polícia que iniciou uma série de negociações por telefone. Depois de algumas horas, os assaltantes fugiram, deixando os familiares próximo ao município de Pojuca (BA).
    
As tentativas de assalto e os seqüestros das famílias dos bancários reacendem as discussões sobre a insegurança vivida pelos trabalhadores no local de trabalho. Freqüentemente, os funcionários das agências de todo o país sofrem com seqüestros relâmpagos, torturas e até risco de morte. Enquanto isso, os patrões mostram total desinteresse pelo assunto e nada fazem para minimizar o problema da segurança bancária.
   
Integrante da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), o diretor do Sindicato Raimundo Dantas avalia que o alto número de autuações acontece porque os banqueiros preferem pagar as multas a contratarem vigilantes.
 
A última reunião da CCASP ocorreu no final de julho, no Rio de Janeiro, para apreciar os recursos impetrados contra autuações de 23 agências bancárias. O valor total das multas chega a R$ 630.428.
   
Instrução da Polícia Federal determina a obrigatoriedade da presença de um vigilante no auto-atendimento sempre que não for possível observar de dentro da agência o que acontece no hall eletrônico. Como a polícia não tem contingente para fiscalizar todas as unidades bancárias, os trabalhadores devem denunciar as agências que descumprem as normas.
     
O que é a CCASP
     
Instituída pelo Ministério da Justiça em 1983, a CCASP é coordenada pela Polícia Federal. Fazem parte da comissão representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), dos bancários, vigilantes, empresas de vigilância, empresas de transporte de valores, empresas de formação de vigilantes, do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e do Exército.
 
A comissão é itinerante, revezando os locais onde se reúne. Isto dá a seus membros a oportunidade de conhecer os policiais federais dos diversos estados e, assim, obter um panorama melhor do que acontece em cada região do país.