A partir de um modelo de gestão pautado no controle e na vigilância, os bancos têm adoecido os trabalhadores com patologias da sobrecarga e da violência com efeitos na saúde física, psicológica e social. Este é, em suma, o resultado de uma pesquisa apresentada na mesa de Saúde e Condições de Trabalho do Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno, realizado no sábado (20) pelo Sindicato.
Conduzido por Vanessa Sobreira, secretária de Saúde do Sindicato, e Wadson Boaventura, secretário de Saúde da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), o primeiro debate do congresso pautou a relação de trabalho nos bancos que, baseado da competitividade e na produtividade, escanteiam a questão da saúde. Reivindicação permanente dos trabalhadores do ramo financeiro, a saúde é também uma das prioridades da Campanha Nacional dos Bancários de 2024.
De acordo com os dados coletados pela pesquisa de saúde, coordenada pela professora doutora Ana Magnólia, da UnB, bancários e bancárias vivenciam situações intensas de todos os fatores e riscos psicossociais, além da presença do assédio organizacional. Fazem parte do dia a dia da categoria os discursos e práticas de controle que, por meio de falsas promessas, banalizam o sofrimento, criam uma ideia de perfeição e da ideologia de que tudo é possível, mirando apenas no atingimento das metas.
O adoecimento mental assola a categoria. Dos 5.800 trabalhadores que responderam à pesquisa, 76,5% já tiveram algum problema de saúde relacionado ao trabalho, 40,2% estão em tratamento psiquiátrico e 91,5% destes fazem uso de medicação prescritas por psiquiatras. A análise dos dados aponta ainda que a maioria dos afetados pela gestão adoecedora dos bancos são os trabalhadores em bancos privados, as mulheres e os bancários com faixa etária entre 26 e 45 anos.
À frente do Observatório de Saúde do Trabalhador Bancário, antiga Clínica do Trabalho, a doutora em Psicologia alerta para a urgência de “furar o esquema do discurso personalista”. Durante sua exposição na mesa do congresso, Ana Magnólia questiona: “se todos os trabalhadores adoecidos cruzassem os braços, quantas pessoas trabalhariam nos bancos?”.
Saúde na pauta
De Brasília, algumas das propostas para compor a pauta de reivindicações da categoria em âmbito nacional são:
- Adequação da cláusula que trata da complementação do auxílio-doença previdenciário e acidentário;
- Ajustes na redação da cláusula sobre a declaração do último dia trabalhado (UDT);
- Requerimento do benefício adiantamento emergencial de salário nos períodos transitórios especiais de afastamento por doença junto à AtestMed;
- Indenização por morte ou incapacidade laboral;
- Manutenção do seguro de vida em grupo;
- Plano de saúde dos aposentados com valor de contribuição igual ao dos trabalhadores da ativa;
- Auxílio-creche para enteados.
Joanna Alves
Colaboração para o Seeb Brasília