Caixa decepciona e não atende nenhuma das reivindicações dos empregados

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Decepcionados. Foi assim que os representantes dos empregados da Caixa saíram da reunião online da mesa de negociação permanente realizada com a direção do banco, nesta terça-feira (11). Isso porque o banco público não atendeu nenhuma das reivindicações encaminhadas pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa. “A mesa é uma conquista histórica dos trabalhadores da Caixa e é muito importante para construir alternativas para melhorar as condições de trabalho para os nossos colegas. Porém, hoje não conseguimos ter nenhum dos anseios da categoria atendidos”, lamentou Fabiana Uehara, secretária-geral do Sindicato e coordenadora da CEE/Caixa.

PLR Social

Após a apresentação dos representantes dos empregados e da direção da Caixa, o primeiro tema debatido foi a PLR Social 2020. O banco fez uma apresentação e disse que o pagamento da PLR foi em “reconhecimento à toda dedicação dos empregados em 2020” e alegou que o ACT teria sido integralmente cumprido e sustenta que extrapolou o que estava previsto na resolução 10/1995 da CCE.

A Comissão dos Empregados argumentou que, ao contrário do que foi dito pela Caixa, não houve o devido reconhecimento e valorização aos empregados no pagamento da PLR. A reivindicação é que o banco pague a diferença da PLR Social respeitando-se a Lei 10.101/2000 e a negociação coletiva. O ACT é bastante claro em dizer que a Caixa não se enquadra na limitação de 25% dos dividendos definida pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), mas sim na limitação definida no próprio acordo, que é de 15% do lucro líquido ajustado.

“É lamentável a posição da direção da empresa em não querer resolver a questão da PLR Social. Eu não sei como tem coragem de não pagar o trabalho hercúleo feito pelos colegas. Primamos pela negociação antes de judicializar. É muito difícil explicar que, com todas as unidades em Alta Performance no Conquiste, com um lucro realizado maior que o previsto e com um presidente que se gaba de produzir o maior lucro da história, e mesmo com o teto de 3 RBs, os empregados não recebam o equivalente a 4% do lucro líquido de PLR Social, como previsto no ACT”, disse Fabiana.

Dia do Basta

O segundo tema da pauta foi a aplicação da falta não justificada aos empregados que participaram da paralisação no Dia do Basta, mobilização organizada pela categoria no dia 27 de abril.

A paralisação foi confirmada por decisão judicial após a Caixa ingressar com pedido de Tutela Cautelar Antecedente no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A direção da Caixa alegou que a paralisação era abusiva, mas o ministro do TST Maurício José Godinho indeferiu o pedido, garantindo o direito de greve aos trabalhadores.

Os representantes dos empregados sustentam que o motivo da paralisação é a insatisfação dos empregados com a política de pessoas da direção da empresa e nada justifica o lançamento de Falta Não Justificada – FNJ no dia 27. “O lançamento representa claramente uma retaliação do banco administrado por Pedro Guimarães. Fato é que se a direção da empresa sentiu esta estranheza, deveria refletir sobre os motivos que levaram os empregados para a greve ao invés de tentar fazer retaliações”, afirmou a coordenadora da CEE.

Jorge Furlan, membro da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários do ABC Paulista, informou que os empregados denunciaram represálias da Caixa além da falta injustificada. Alguns trabalhadores em teletrabalho informaram que tiveram o lançamento do home office suspenso e deveriam voltar ao trabalho presencial sem qualquer justificativa do banco. “Isso demonstra uma clara perseguição da Caixa ao movimento legítimo dos empregados, que foi reconhecido, inclusive, pela Justiça do Trabalho”.

A Caixa disse que registrou o pedido feito pela CEE/Caixa de lançamento de “paralisação” para o dia 27, mas mantém a orientação inicial do banco de falta não justificada.

Protocolos contra Covid-19

A CEE cobrou o cumprimento dos protocolos de prevenção, saúde e segurança contra a Covid-19 e melhoria permanente desses protocolos. Os representantes dos empregados ressaltam que a Caixa não aproveitou os dados obtidos com a aplicação da testagem em massa feita nos empregados em outubro para aprimorar os protocolos de prevenção, ressaltando que o vigente, de julho de 2020, está defasado.

Os representantes dos empregados trazem relatos de inobservância dos protocolos de prevenção, que não têm sido aplicados, muitas vezes com a justificativa de que é necessário bater a meta nas unidades. Houve cobrança do retorno do rodízio nas agências, melhoria dos sistemas, manutenção do home office, foco no atendimento e não nas metas, higienização adequada e pagamento das horas extras, que têm aumentado a sobrecarga de trabalho quando é realizada a compensação. Foi cobrado que a direção da Caixa negocie junto ao Governo Federal a priorização dos empregados no Plano Nacional de Imunização (PNI).

A Comissão reconheceu o avanço na instalação das barreiras acrílicas nas agências, item debatido na última mesa de negociação.

Com relação aos produtos de limpeza na higienização, a Caixa disse que são utilizados produtos homologados pela Anvisa para eliminar o coronavírus do ambiente e que vai reforçar o comunicado às unidades.

Sobre o atendimento realizado nas agências, a orientação do banco é que só devem ser feito os serviços essenciais. Sobre metas de visitação, em especial para os gerentes PJ, o ponto ainda será esclarecido. Segundo a Caixa, não existe qualquer orientação para retorno presencial de empregado do grupo de risco.

“Temos duas reclamações frequentes dos empregados: o protocolo que a empresa adotou unilateralmente em 01/07/2020 é insuficiente. Além de ser insuficiente, não é cumprido. Para piorar, a Caixa assume deliberadamente o risco de contaminações, o que é gravíssimo, ao forçar o trabalho presencial dos empregados que apresentam laudos médicos seus e de seus dependentes solicitando o direcionamento para o home office. Houve casos em que a solicitação do empregado para o direcionamento ao home office (com apresentação de laudo médico) não foi acatada, ocasionando óbito”, apontou Rogério Campanate, membro da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

Houve compromisso de o banco marcar uma reunião para tratar especificamente dos protocolos contra a Covid-19 a ser marcada ainda este mês.

Vacinação H1N1

A Caixa informou que a campanha de vacinação contra a gripe está em processo de licitação. O empregado que quiser antecipar a vacina em clínicas e laboratórios pode solicitar reembolso até 30 de julho. Para isso, a vacinação deve ser ministrada entre 1º de março a 30 de junho deste ano. O valor do reembolso será feito pela conta salário e é limitado a R$ 95,00 ou ao valor pago, o que for de menor valor.

Os representantes dos trabalhadores questionaram a exclusão dos aposentados da campanha. A Caixa justificou que a vacina é destinada aos empregados da ativa como medida de prevenção relacionada à saúde e segurança do trabalho.

Teletrabalho

Questionada sobre a minuta da proposta de teletrabalho, a representação da direção da Caixa disse que ainda não há uma data para apresentação, pois estaria “em tratativas internas”.

Contratações

A representação dos empregados reiterou a preocupação com as contratações e os desdobramentos da Ação Civil Pública sobre o tema, ressaltando a necessidade da Caixa de contratar mais empregados.

CPA-20

Por fim, foi ressaltada a demanda recebida pelos GGRs de ampliação do prazo para obtenção do CPA-20, que é uma exigência nova para a função, e a data limite seria até 01/07. A Caixa pediu que fosse encaminhado ofício para tratativas.

Pendências

Em razão do horário, diversos assuntos não foram debatidos. A Caixa informou que vai encaminhar por escrito as pendências que não foram esclarecidas.

Da Redação com Contraf-CUT