BRB apresenta lucro de R$ 160,9 milhões; resultado, porém, ainda não dá conforto

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No último dia 28 de agosto, o BRB tornou público seu balanço referente ao primeiro semestre de 2019. O Sindicato, através de sua subseção do Dieese, fez uma análise do balanço e apresenta dados relevante sobre ele.

A primeira informação que salta aos olhos é o expressivo lucro, de R$ 160,9 milhões, um crescimento de 18,9% frente ao mesmo período de 2018. Este foi o maior lucro para um primeiro semestre na história do BRB. Porém, quando se analisa a desagregação dos números, se percebe que este resultado não oferece o conforto quanto a uma alavancagem de negócios que possa permitir afirmar que o BRB já está em outro patamar.

Os números referentes a operações de crédito, o que deveria ser o carro chefe da operação bancária, mostra retração em pessoas jurídicas (- 9,1%) e empréstimos rurais (-11,4%), além de trazer um crescimento tímido no conjunto (5,2%), com ênfase na pessoa física, em especial o consignado que cresceu 14,1%, o que permite inferir que este segmento está à beira da exaustão, uma vez que evidencia uma concentração ainda bastante perigosa no segmento servidor público, cuja renda está em declínio já há mais de quatro anos, fruto de governos neoliberais que achatam a remuneração dos servidores públicos. O mais preocupante quanto às operações de crédito, porém, refere-se ao fato de que a receita decresceu 4,69% saindo de R$1.186,88 milhões (junho/2018) para R$1.131,13 (junho/2019).

Outro aspecto que chama a atenção refere-se à baixa significativa do provisionamento para devedores duvidosos (PDD), com queda de 35,5%, saindo de R$94,4 milhões em junho de 2018 para R$61 milhões milhões em junho de 2019. A leitura desta informação enseja acreditar que parte do resultado do banco pode ter vindo deste menor provisionamento, e levanta a dúvida sobre se o BRB está sendo cuidadoso como se espera quanto às salvaguardas necessárias para possíveis calotes. O que mais chama atenção sobre isso é o fato de que, em que pese a retração expressiva do provisionamento, o índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias praticamente não variou, apresentando uma discreta elevação de 0,1%.

Outra informação relevante extraída do balanço refere-se ao resultado bruto da intermediação financeira, que saiu de R$896,60 milhões para R$920,80 milhões, um crescimento de apenas 2,69%. Embora as taxas de captação tenham baixado de forma importante, proporcionalmente maior do que as taxas de concessão, o resultado é pequeno, o que pode configurar pouquíssima elevação nas operações de crédito, como de resto a análise da evolução da carteira já demonstre isso.

Por fim, um dado também importante, foi a tímida evolução nas receitas de prestação de serviços (RPS), considerada a terceira maior fonte do resultado dos bancos. No conjunto do sistema financeiro, esta receita supera os gastos com pessoal, inclusive em bancos públicos. No BRB, esta receita cresceu apenas 3,7%, saindo de R$179,0 milhões em junho de 2018 para R$187,0 milhões em junho de 2019, com um índice de cobertura de apenas 42,21%.

Com estes dados, infere-se que o BRB, além de ter ainda um imenso caminho para percorrer rumo à sua consolidação, têm um espaço gigantesco para avançar, visto que, entre 2015 e 2019, perdeu em markshare aproximadamente 30%. Este pequeníssimo avanço no crédito (porém com retração na receita líquida e nas operações rurais e jurídicas), corrido neste primeiro semestre, é que leva o Sindicato a expressar a sensação de que este balanço ainda não oferece o conforto necessário quanto estes resultados apresentados pelo BRB.

Da Redação