BB assume papel na escravidão negra e pede perdão durante audiência pública no Rio de Janeiro

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crédito: Joanna Alves e Beatriz Ferraz

Na quadra da escola de samba Portela, no bairro de Madureira, representantes do Banco do Brasil reportaram o pedido de perdão da instituição por ter contribuído com a escravidão negra no país. O reconhecimento do papel na perpetuação do tráfico de pessoas escravizadas, que se estendeu ao aceite dessa população como moeda de troca no período, atende a parte do que o movimento negro exige do banco.

Com o apoio do Sindicato, uma delegação do Distrito Federal acompanhou a sessão, contribuindo com sugestões para que o banco repare os erros do século XIX com ações em benefício dos descendentes dos escravizados.

À reportagem do Sindicato, o procurador regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, Júlio Araújo, disse que a audiência pública na quadra da escola de samba “é uma oportunidade histórica de avançar nessa discussão. O MPF entende que é fundamental e prioritária a discussão sobre essa reparação. Nós temos uma apuração a respeito do caso do Banco de Brasil e a gente vai tentar compartilhar essa temática com toda a sociedade porque a gente acha que não dá para conduzir sozinha essa discussão. É uma discussão de todos”.

Brenna Vilanova, estudante de Ciências Sociais na UnB e integrante do Movimento Negro Unificado no DF (MNU), aponta uma das saídas pela educação. “Nossa comitiva é formada em maioria por jovens e essa juventude tem que estar na universidade e permanecer nela, que é um ponto que a gente defende. A reparação pode vir por meio de bolsas de estudo ou de intercâmbio, por exemplo”, conta a militante.

Gerente-executivo de Relações Institucionais do BB, André Machado leu a carta aberta direcionada aos movimentos negro e sociais, onde destacou que “o Banco do Brasil pede perdão aos povos negros pelas suas versões predecessoras e hoje trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país”. O texto levanta ainda o fato de, pela primeira vez em 215 anos, o banco ter como presidenta uma mulher negra.

Joanna Alves
Colaboração para o Seeb Brasília