Bancários reforçam frente nacional de mobilização pela redução dos juros

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Atendendo à convocação da CUT, das demais centrais e dos movimentos populares, os bancários de Brasília reforçaram nesta terça-feira (20) a manifestação realizada em frente à sede do Banco Central, no Setor Bancário Sul, contra a alta taxa de juros imposta pela autoridade monetária.

Foi o Dia Nacional de Luta contra os Juros Altos e a Política Monetária do Banco Central – dentro da Jornada de Lutas contra os Juros Altos -, que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, iniciada hoje e que define amanhã a taxa básica de juros (Selic) para o próximo período, atualmente em 13,75%, a maior do mundo.

“Estamos aqui gritando fora, Campos Neto, porque precisamos de dignidade, precisamos de um país melhor, e isso só é possível com a redução dos juros. O Banco Central tem que fomentar o crescimento, fomentar o crédito. A população precisa disso”, cobrou a secretária de Imprensa do Sindicato, Fabiana Uehara, que também é coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).

“A atual política monetária imposta pelo presidente do Banco Central, rechaçada por economistas do Brasil e do mundo, é um crime que está sendo cometido contra o país”, sustenta o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, presente ao ato no DF. “Tenha vergonha na cara, ouça o clamor da classe trabalhadora e baixe os juros nesta quarta-feira”, disparou. “Se não baixar a taxa de juros, já temos uma audiência marcada com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, porque sabemos que o Senado pode afastar Campos Neto do cargo e, na nossa visão, há motivo para isso, porque o presidente do BC está sabotando o crescimento do país”, afirma Nobre, reforçando outra das cobranças dos protestos, que é a saída de Campos Neto da presidência do BC.

Juros altos, economia travada

A intensificação da pressão pela queda da Selic acontece num momento em que economia brasileira vem dando sinais positivos, o que não mais justificaria a manutenção dos juros no atual patamar. Campos Neto argumenta que é necessário manter a taxa em 13,75% para conter a inflação.  

Campos Neto vem, contudo, ignorando as sucessivas quedas nos índices inflacionários. O IPCA, que mede a inflação oficial, no mês de maio ficou em 0,23%, índice menor que o 0,61% de abril e que soma 3,94% em 12 meses. É o menor em três anos.

A Selic é referência para todas as operações financeiras do país e impacta diretamente no consumo, portanto, na produção e na geração de empregos.

“Essa taxa elevada que está sendo mantida prejudica todo mundo. Traz fome, traz a redução dos investimentos tão importantes para o Brasil e para todos os brasileiros”, afirma Rafael Zanon, secretário de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Geralcino Santana, presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), foi taxativo: “Se não baixar os juros, não tem investimento, e isso, consequentemente, atrapalha todo o setor da indústria. Por isso, é fundamental que os juros caiam, para que o Brasil se desenvolva e tenha uma economia segura”.

O secretário de Aposentados do Sindicato, José Wilson, engrossou o coro. “Quem paga juros neste país? É oassalariado, é o povo trabalhador. Os banqueiros e os ricos vivem da renda que esses juros lhes pagam. Lucram bilhões de reais, principalmente os banqueiros. Campos Neto, ainda da triste era do governo Bolsonaro, mantém os maiores juros já cobrados em qualquer país do mundo. Isso porque ele é representante da classe dominante e quer maximizar os lucros. Enquanto isso, o povo brasileiro sofre com o desemprego e os juros altos”.

“Estamos dizendo à população que essa taxa gera desemprego, não estimula o crescimento do Brasil e impede que o país possa distribuir a riqueza para a população. Cada vez que vamos às compras, nós pagamos o preço da taxa de juros. Cada vez que compramos um bem, um liquidificador, uma geladeira e vamos parcelar um produto na loja, pagamos essa taxa abusiva praticada pelo Banco Central. Quando vamos trocar um automóvel, a taxa de juros faz com que o carro fique muito mais caro para nós. Tudo isso faz com que os empresários não queiram investir na produção e sim na especulação financeira e na Bolsa de Valores. Por isso, a redução da taxa de juros é essencial para o crescimento do país, a geração de emprego e a distribuição de riquezas”, enumerou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

“Eu quero parabenizar o Sindicato dos Bancários e a CUT por esta iniciativa. Nós montamos uma Frente Parlamentar contra os juros abusivos. A inflação no acumulado em 12 meses está 3,94%, ou seja, despencou. Era 10% com Bolsonaro e eles alegam que os juros têm que estar altos para combater a inflação. Qual a lógica disso? Isso está travando a economia brasileira, por isso essa luta é fundamental”, arrematou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).


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Da Redação com CUT Nacional