Bancários querem proposta dia 18

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Campanha Nacional: Comando Nacional dos Bancários querem definir negociação na semana que vem

O Comando Nacional dos Bancários apresentou nesta sexta-feira (14) as cláusulas econômicas e sociais para negociar com os representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Os dirigentes sindicais da categoria ressaltaram na reunião que esperam que os bancos apresentem na semana que vem suas propostas para a negociação. A próxima reunião de negociação será no dia 18, terça-feira.

Ao longo de seis rodadas de negociação entre o Comando e a Fenaban, os representantes da categoria bancária apresentaram reivindicações que estão na minuta aprovada na Conferência Nacional dos Bancários, no mês passado, com base em uma consulta da qual participaram quase 30 mil bancários.

Nesta sexta-feira, foi a vez da apresentação das cláusulas econômicas e sociais da categoria. Entre as prioridades estão aumento real (acima do índice da inflação) e pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Outro ponto das cláusulas econômicas apresentado pelo Comando foi o auxílio refeição no valor de R$ 1.045,00 por mês e o auxílio cesta alimentação, no mesmo valor mensal.

Lucros

“Passamos a pauta e queremos que eles apresentem proposta na semana que vem. Queremos aumento real e a PLR. Os bancos sempre lucram. Mesmo numa crise, foram os primeiros a serem protegidos pelo governo da crise econômica da pandemia”, declarou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

Juvandia observa que questões como as dos vales refeição e alimentação são mais do que justas neste momento. “Quando o bancário vai para casa no teletrabalho, passa a gastar mais. De agosto do ano passado a julho deste ano, de acordo com o IBGE, a inflação dos alimentos no domicílio aumentou 9,7%, bem acima da inflação geral, que foi de 2,66%”, observa a presidenta da Contraf-CUT.

Os bancos economizaram R$ 267 milhões com o teletrabalho. No primeiro semestre deste ano, reduziram em R$ 267 milhões algumas despesas com água, luz, gás, vigilância, segurança e viagens. Só no Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Itaú, a despesa de pessoal caiu R$ 1 bilhão.

Direitos ameaçados

Os representantes da Fenaban não responderam às reivindicações apresentadas mas sinalizaram uma resistência quanto às propostas da categoria. Afirmaram que os resultados dos bancos caíram muito e que algumas instituições bancárias chegaram a ter prejuízos. Sinalizaram também que querem discutir até mesmo direitos já conquistados pela categoria. “A postura dos bancos no Brasil é um inacreditável show de contrassenso. Recorrem ao governo reclamando condições de liquidez para assim poderem garantir oferta de crédito, mas preferem entesourar e asfixiar as empresas ao reter o crédito. Ainda assim, adotam as posturas mais conservadoras em relação às provisões para devedores duvidosos, seguem com recordes com arrecadação de tarifas suficientes, em alguns casos, para cobrir quase que duas vezes as despesas de pessoal, mantêm gigantescos lucros, mas querem apresentar para a categoria redução de direitos e ainda tergiversar sobre a pauta apresentada! Peraí, Fenaban, as bancárias e os bancários exigem respeito! Não admitirão retirada de direitos e querem proposta já”, destaca o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Na toada, a lamentação dos representantes da Fenaban foi a concorrência que os bancos passaram a sofrer das corretoras de investimentos como a XP, que tiveram lucros maiores que os dos bancos. “Com seus tentáculos ampliados, os bancos ganham sempre, e no caso da XP, o Itaú é dono de 49%. Não tem jeito, o setor não pode reclamar dos resultados”, pondera Kleytton.

Cláusulas sociais

Nas cláusulas sociais, o Comando apresentou reivindicações como a suspensão dos processos de terceirização pelos bancos; a criação de uma comissão para debater e acompanhar e apresentar propostas em razão dos projetos de mudanças tecnológicas. Também reivindicou a isenção de tarifas e a cobrança de juros menores aos trabalhadores das instituições bancárias, proposta com a qual os representantes dos bancos não manifestaram concordância. A Fenaban também evitou discutir a proposta de aumentar a estabilidade de 24 para 36 meses imediatamente anteriores ao preenchimento dos requisitos para obtenção de aposentadoria. “A categoria tem que acompanhar essas negociações, agora ainda mais porque vamos entrar em uma semana decisiva”, avaliou Juvandia Moreira sobre a atual fase da campanha salarial.

Veja os principais pontos discutidos na reunião desta sexta-feira (14):

  • Terceirização – Os bancários querem que os bancos suspendam a implantação de quaisquer projetos de terceirização, a partir da data de entrega da presente pauta de reivindicações;
  • Comissão sobre mudanças tecnológicas – Criar uma comissão bipartite para debater, acompanhar e apresentar propostas em razão dos projetos de mudanças tecnológicas e organizacionais, reestruturações administrativas, introduções de novos equipamentos, acesso remoto e outras situações similares das empresas abrangidas por esta convenção;
  • Isenção de taxas e cobrança de juros menores – Os bancos isentarão os trabalhadores abrangidos por esta Convenção do pagamento de quaisquer tarifas bancárias;
  • Indenização adicional – o pedido é para aumentar o valor. Caso dispensas se concretizem, os bancos pagarão indenização adicional, no valor equivalente a três vezes a maior remuneração do empregado para cada cinco anos trabalhados;
  • Estabilidade na pré-aposentadoria – Estabilidade para o trabalhador em período de pré-aposentadoria a partir de 36 meses imediatamente anteriores ao preenchimento dos requisitos para obtenção de aposentadoria;
  • Comissão de segurança bancária – Manutenção e continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária;
  • Renovação do aditivo à Convenção Coletiva de prevenção à violência contra a mulher

Da Redação com Contraf-CUT