Os quilombos localizados na Chapada Gaúcha (MG) são preciosos tesouros históricos e culturais que ecoam o legado de resistência, luta e identidade da comunidade afrodescendente no Brasil. Essas comunidades remetem ao período da escravidão no país, quando muitos africanos escravizados buscaram refúgio e liberdade fugindo para regiões de difícil acesso e encontrando proteção em áreas isoladas, como a região montanhosa da Chapada.
Ao longo dos séculos, os quilombolas enfrentaram desafios incalculáveis e adversidades inimagináveis, mas perseveraram com coragem e determinação para preservar suas tradições culturais, costumes ancestrais e crenças religiosas. Apesar da dura realidade da escravidão e da opressão, essas comunidades criaram uma identidade própria, moldada por uma combinação única de influências africanas, indígenas e, mais tarde, também de elementos da cultura brasileira.
O território onde os quilombos se estabeleceram em Chapada Gaúcha é rico em recursos naturais, o que possibilitou a sobrevivência e o desenvolvimento dessas comunidades. A agricultura de subsistência, a pesca, a caça e a coleta de frutas nativas tornaram-se formas essenciais de sustento para essas pessoas. Além disso, o conhecimento sobre plantas medicinais e práticas de cura tradicionais foi passado de geração em geração, tornando-se parte integrante da cultura quilombola.
A religiosidade também desempenha um papel crucial na vida das comunidades quilombolas. As crenças e práticas religiosas trazidas da África encontraram-se com elementos do catolicismo, formando manifestações sincréticas únicas. As celebrações, festas e rituais religiosos representam uma parte significativa da cultura quilombola e são momentos de forte coesão social e identitária.
No campo das expressões artísticas, a música, a dança e a culinária são elementos fundamentais na preservação da cultura quilombola. Através das músicas e danças, muitas vezes acompanhadas por instrumentos tradicionais, as histórias e tradições são transmitidas de geração em geração. A culinária, por sua vez, resgata a essência da gastronomia africana, com pratos que mantêm sabores e temperos característicos.
Apesar da riqueza cultural e histórica dos quilombos, essas comunidades muitas vezes enfrentam desafios socioeconômicos e a ameaça constante da perda de seus territórios para atividades como a expansão agrícola e a exploração predatória de recursos naturais. A garantia dos direitos territoriais e o respeito à cultura quilombola são questões fundamentais para a preservação dessas comunidades.
Felizmente, diversas organizações, instituições e movimentos têm se dedicado à luta pela valorização e proteção dos quilombos em Chapada Gaúcha e em todo o Brasil.
Robson Neri é bancário do BRB e secretário de Relações com a Comunidade do Sindicato dos Bancáros de Brasília
