Acordos salariais em 2005 foram os melhores dos últimos dez anos

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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulga nesta terça-feira 22, em Brasília, estudo mostrando que os acordos de negociações salariais realizados de janeiro a junho deste ano alcançaram os melhores resultados na correção de salários desde 1996, quando o instituto iniciou a pesquisa sobre reajuste salarial.
    
“Esse é um dado muito positivo para os trabalhadores, sinalizando que os bancários, com mobilização, também podem obter avanços e conquistar aumento real de salário, uma das principais bandeiras da Campanha Nacional”, avalia Jacy Afonso, presidente do Sindicato. Das 271 negociações acompanhadas pelo Dieese no primeiro semestre, em 96% houve ao menos a reposição da inflação com a taxa do INPC, calculado pelo IBGE. 
     

Tendência positiva
     

A pesquisa do Dieese indica que em 222 negociações, 82% do total acordado, foram obtidos aumentos reais de salário. A maioria das negociações resultou ganhos de até 1% acima da variação do INPC. Mas em 69 acordos o reajuste oscilou de 1,01% até 2% maior que a taxa inflacionária; em 37, de 2,01% até 3%; em 12, de 3,01% até 4%; em 6, de 2,01% até 5%, e em duas negociações os reajustes ficaram acima de 5% de aumento real.
   
Na comparação com o primeiro semestre do ano passado, houve uma elevação de 10 pontos percentuais na proporção de reajustes que permitiram aos trabalhadores ganhos suficientes para compensar a redução provocada pela inflação. Já as correções acima do INPC tiveram uma expansão em 15 pontos percentuais.
   

Bom desempenho da economia
   

Na avaliação do supervisor do escritório do Dieese em São Paulo, José Silvestre Prado, “há uma tendência de mobilização sindical na busca de ganhos reais acima da inflação ou de, no mínimo, conquistar a reposição inflacionária em todos os setores econômicos, independentemente da área geográfica e convenção coletiva do trabalho”.
  
Para o Dieese, esses ganhos são conseqüência do bom desempenho da economia brasileira, como a “expansão do mercado consumidor interno, estimulado pela maior oferta de crédito, pelo efeito dos programas sociais dos governos estaduais e federal e pelo impacto dos últimos aumentos reais do salário mínimo oficial”. O órgão também avalia que os êxitos nos acordos são reflexos da política de redução progressiva da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 14,75% ao ano, e dos investimentos na área produtiva do setor privado.
  
Mas o Dieese adverte que uma parte expressiva dos trabalhadores ainda está de fora dos benefícios por estar desempregada ou na informalidade. 

Os bancários querem 7,05% de aumento real

Pelo terceiro ano consecutivo os bancários estão reivindicando aumento real nos salários na campanha salarial de 2006. A decisão foi tomada pela 8ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizada em São Paulo entre 27 e 30 de julho último.
  
Os mais de 800 delegados presentes, representando a categoria de todo o país, aprovaram a reposição da inflação dos últimos doze meses mais aumento real de 7,05%, índice baseado na evolução real do valor adicionado no PIB gerado pelo setor bancário. Trata-se, portanto, do mesmo percentual em que os bancos ‘contribuíram’ para o crescimento do PIB em 2005.

  
Pela trajetória das campanhas nos últimos 11 anos, os trabalhadores de bancos privados só conseguiram aumento real em seis oportuni-dades, sendo duas em 2004 e 2005. Já para quem trabalha em banco público, a história foi pior. Durante os anos FHC, esses trabalhadores nunca conquistaram aumento real — durante sete anos tiveram o salário congelado.

  
”Os bancários conquistaram aumento real nos dois últimos anos, quando unimos a categoria na mesma campanha nacional, o que demonstra que nossa estratégia está correta”, afirma Enilson da Silva, secretário-geral do Sindicato.