8 de Março para protesto: Média de ganho das mulheres é 22% menor que dos homens

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No setor bancário, a diferença da remuneração média mensal entre homens e mulheres foi de 21,75% em 2018 – a média geral é revelada por estudo do Dieese com base em dados de 2019

Neste início de terceira década do século 21, o Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, instituído pelas Nações Unidas em 1975, segue repleto de motivos para protestos contra a desigualdade de gênero e as condições de existência e de cidadania femininas. Levantamento do Dieese sobre a mulher no mercado de trabalho e na rotina doméstica dá a dimensão dos desafios e da luta a ser travada.

De acordo com o estudo, o rendimento médio mensal das mulheres (R$ 1.958) em 2019 foi 22% menor que o dos homens (R$ 2.495). A desigualdade geral é muito próxima da constatada no setor bancário, onde a diferença da remuneração média mensal entre homens e mulheres foi de 21,75% em 2018, pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Os dados da RAIS revelam também que, quanto maior a escolaridade, maior a discriminação nos bancos. Entre bancárias com ensino superior, a remuneração média mensal era 24,9% menor do que a de homens com mesmo grau de escolaridade. Trabalhadoras com mestrado receberam 28,1% menos que bancários homens, e com doutorado, 41,3% menos. As mulheres correspondiam a 48,7% do total de bancários em 2018.

“A situação se agrava quando também é considerada a cor das trabalhadoras”, diz a nota técnica do Dieese, ao lembrar que “as mulheres negras recebem apenas 68,2% do rendimento dos homens brancos no setor bancário, de acordo com o Censo Bancário 2014, divulgado pela Febraban a partir de demanda e conquista do movimento sindical bancário”.

Desemprego maior

Com base em informações da PNAD Contínua, o Dieese revela ainda que o desemprego entre as mulheres foi de 16,8% no terceiro trimestre de 2020, enquanto entre os homens foi de 12,8%.

O levantamento destaca ainda o fato de que a pandemia da Covid–19 também trouxe impactos diferenciados sobre homens e mulheres, intensificando desigualdades nas relações de gênero já existentes, especialmente nas relações de dependência econômica e patrimonial. E ressalta que “as mulheres são sobrecarregadas com trabalhos reprodutivos não remunerados, ligados à reprodução social, e aumentaram sua participação entre os desempregados e subempregados ao longo de 2020. Soma-se a isso o aumento da violência doméstica, em função das medidas de isolamento da população e do agravamento da crise econômica”.

A secretária de Mulheres do Sindicato, Zezé Furtado, reforça a aposta na ação com organização e muita disposição de luta para o enfrentamento da discriminação e da violência contra as mulheres, seja no mercado de trabalho, dentro dos bancos, nas ruas ou em casa. “É por onde indica o estudo do Dieese nas suas conclusões. Nós, mulheres, temos que manter viva nossa jornada de luta, com ativismo permanente, organizadas coletivamente, seja nos sindicatos ou em qualquer outro espaço de atuação que tivermos, para rechaçarmos a um só tempo as discriminações e as violências que temos sofrido desde sempre e que persistem nos dias atuais, sobretudo neste triste período de nossa história, sob um governo de extrema direita liderado por um machista”.

Confira a íntegra da nota técnica do Dieese:

DIEESE-Mulheres-no-mercado-de-trabalho-mar2021


Da Redação