8 DE MARÇO | DF é palco de luta, cultura e resistência feminista

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Mobilizações aconteceram em Brasília e em nove regiões administrativas com música, diálogo com a população e uma série de denúncias

O Dia Internacional de Luta das Mulheres, celebrado nessa sexta (8), contou com uma série de atividades no DF e no Entorno. Logo nas primeiras horas da manhã, as militantes realizaram um faixaço com alguns dos temas do mote do movimento feminista da capital, que envolvem, dentre outros eixos, o enfrentamento ao feminicídio e a descriminalização do aborto. 

Às 12h, as mulheres se encontraram na Praça do Buriti, para denunciar a negligência do GDF com a segurança das mulheres. As manifestantes afirmaram, em frente ao Palácio do Buriti, que a omissão do governo é um dos principais motivadores da crescente de feminicídio no DF.

De 2022 para 2023, o Distrito Federal registrou crescimento de 78,9% nos casos de feminicídio. Neste ano, só em janeiro, foram três mulheres assassinadas pelo fato de serem mulheres, segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF. 

Na análise da secretária de Mulheres da CUT-DF, Thaísa Magalhães, “a vida das mulheres vítimas de feminicídio no DF poderia ter sido poupada, não fosse o total descaso do governo”. 

“Diante da omissão do governo Ibaneis, os casos de feminicídio se configuram também como resultado de uma necropolítica, de extermínio das mulheres. Por isso, esse ato exige que o GDF amplie as políticas públicas para as mulheres, pois é urgente que haja uma integralidade de políticas do governo, não só com a Secretaria de Segurança Pública, mas com a Secretaria de Educação, com a Saúde, com a Cultura, com a Comunicação. Ibaneis precisa ter compromisso com as mulheres do DF”, afirmou Thaísa.

Além da inexistência de trabalho em rede das políticas públicas para as mulheres, a dirigente sindical também denuncia que não há orçamento destinado à promoção de políticas e há deficiência de pessoal para atuação nos órgãos integrados ao processo de acolhimento às vítimas de feminicídio.

Os problemas apontados no ato deste 8 de março já haviam sido listados na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Feminicídio, da Câmara Legislativa do DF, realizada em 2021. Nas 251 páginas do documento,a Comissão mostrou a total desarticulação das atividades dos órgãos que, em tese, atuam pelo fim da violência contra a mulher.Segundo o relatório, faltam também profissionais especializados no centro de atendimento à mulher e delegacias, assistentes sociais, psicólogos e, em todos os casos, servidores de carreira. 

O Tribunal de Contas do DF publicou nessa quinta-feira (7/3) resultado de auditoria realizada em órgãos distritais para combater a violência contra a mulher. No levantamento, foi verificada justamente a ausência de articulação entre os órgãos envolvidos na promoção de políticas públicas para as mulheres, sobretudo as de combate à violência. Além disso, a avaliação mostra “limitações e deficiências na execução da política pública por parte de órgãos do Distrito Federal, cuja atuação ainda não é suficientemente estruturada e preparada”, além de dificuldades para avaliar a eficácia das políticas, programas e ações realizadas no DF. 

Paralelamente, o DF está em 3º lugar no ranking de casos de feminicídio no Brasil, segundo dados Nacionais de Segurança Pública, divulgados nessa quinta-feira (7/3).

Além disso, lutando contra o direito ao aborto legal e seguro, o governador Ibanei publicou, no dia 8 de dezembro, a instituição do Dia da Família contra o aborto no DF. “Vale lembrar que os casos em que a interrupção da gestação é legalizada atualmente no Brasil, estão incluídas as crianças que são estupradas e muitas vezes obrigadas a conviver, pelo resto da vida, com os frutos dessa violência”, pontuou Thaísa Magalhães.  

Mais ações 

Após o ato no Palácio do Buriti, houve ato político-cultural na Praça Zumbi dos Palmares, onde mulheres das mais diversas frentes de luta do DF e do Entorno expuseram material, realizaram falas, oficina de dança e apresentação de Martinha do Côco e de grupos de cultura popular, fanfarras e movimentos de percussão da capital.

À noite, a CUT-DF realiza o Show das Trabalhadoras, marcado pela diversidade e pluralidade das cantoras Kris Maciel, Emília Monteiro e Alê Terribili. A escolha por uma atividade que tivesse mais momentos de cultura e celebração aconteceu pelo entendimento de que essa é uma linguagem efetiva para debater as pautas políticas de uma forma que atinge e dialoga com as trabalhadoras. 

Da Redação com CUTDF