3º Censo da Diversidade aprofunda responsabilidade dos bancos

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O 3º Censo da Diversidade Bancária, conquista da mesa de negociação, traz um diferencial nesta edição, que é o Agente da Diversidade. A ideia, também fruto da mesa de negociação Igualdade de Oportunidades, realizada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban no dia 11, é envolver todos os bancários e bancárias do país nesta discussão, para avançar ainda mais no combate ao preconceito e à discriminação.

Para isso, foi lançada na segunda-feira (15) a Campanha da Diversidade da Categoria Bancária, para sensibilizar a categoria sobre as questões da diversidade, combater a discriminação e promover a inclusão no ambiente de trabalho.

Várias ferramentas de comunicação estarão à disposição dos bancários para despertar a atenção para esse debate. Uma delas é o HotSite da Diversidade, com informações aprofundadas sobre a importância da diversidade no local de trabalho. Além de apresentar uma fotografia da realidade do ramo financeiro, trata-se de uma ferramenta de formação e de mudança da cultura discriminatória, que ainda persiste no setor bancário e na sociedade brasileira.

O presidente do Sindicato, Kleytton Morais, destaca a importância da iniciativa que, segundo ele, vai contribuir para conscientizar sobre a necessidade de combater a discriminação e o preconceito que, na atual conjuntura, vêm ganhando espaço em nosso país. “Os agentes da diversidade nas agências bancárias serão fundamentais para tentar coibir as desigualdades entre homens e mulheres, brancos e negros e PCDs no ambiente de trabalho”, avalia.

Para o diretor do Sindicato Edson Ivo, “é importante que o bancário se disponibilize para ser o agente da diversidade de seu local de trabalho. O combate mais eficiente à discriminação é a prevenção. E só se previne um comportamento nascido da ignorância com a disseminação de conhecimento”.

Cronograma da campanha

A ideia é que o 3º Censo da Diversidade, uma conquista da última campanha salarial, não seja apenas um censo, mas uma campanha em prol da diversidade, que se prolongará até o mês de outubro, quando se encerrará a fase de questionário desta edição.

De agosto a outubro, acontece a aplicação de questionários à categoria. A previsão é que os resultados sejam tabulados e analisados de novembro a janeiro de 2020 e a divulgação seja feita em fevereiro.

De acordo com a página da campanha, as pessoas negras são a maioria da população, porém, apenas 5% estão no quadro executivo das 500 maiores empresas. A pesquisa mostra ainda que o Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com deficiência (PCD), e que, mesmo com a Lei de Cotas, menos de 1% do total de empregos formais do Brasil são ocupados por PCDs. 

Censos anteriores

O 1º Censo foi realizado em 2008 pela Febraban, em conjunto com a Contraf-CUT, Organização Internacional do Trabalho (OIT), IBGE, Ipea e Ministério Público do Trabalho. Participaram da pesquisa 204,1 mil bancários.

Já o 2º Censo, que teve um caráter de diagnóstico, em 2014, foi respondido por 187.411 bancários, de 18 instituições financeiras, o que representa 41% da categoria.

De acordo com os dados, as mulheres apresentam melhor qualificação educacional em comparação aos homens nos bancos. No 1º Censo, 71,2% das bancárias tinham curso superior completo e acima. No levantamento de 2014, as bancárias com essa formação subiram para 82,5%. Para os homens, esse aumento foi de 64,4% para 76,9%. 

Os dados apontam, porém, que as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Nos seis anos que separam os dois censos, a diferença entre o rendimento médio das mulheres e dos homens caiu somente 1,5 ponto percentual. O rendimento médio mensal delas em relação ao deles era de 76,4% em 2008 e agora é de 77,9%. 

Negros no setor bancário

Conforme os dados do 2º Censo, houve avanço no número de negros no setor bancário. Eram 19% de negros na primeira pesquisa. Agora os funcionários que se autodefiniram foram 24,7% dos entrevistados. A grande falha, no entanto, é que não há um indicador voltado para a situação das mulheres negras nas instituições bancárias. 

Com relação às contratações de pessoas com deficiência, o número de bancários com deficiência motora caiu de 61,4% em 2008 para 60,7% em 2014. 

No entanto, os dados do 2º Censo mostram que houve crescimento na admissão de pessoas com deficiência auditiva, a qual subiu de 12,2% para 22,8% e com deficiência visual de 3,9% para 11,8%.

População LGBT

No 2º Censo, uma novidade positiva foi a inclusão de perguntas voltadas para a população LGBT, reivindicadas pelo movimento sindical, buscando verificar a orientação sexual e a identidade de gênero.

De acordo com os dados apresentados, 1,9% dos entrevistados se declararam homossexuais e 0,6%, bissexuais. O 2º Censo mostra que 85% dos bancários são heterossexuais. Apenas 12,4% não responderam, o que significa baixa rejeição ao tema.

Em relação ao estado conjugal, 61,6% disseram que estão casados ou em união estável com uma pessoa do sexo diferente e 1,1% dos bancários disseram que estão casados ou em união estável com uma pessoa do mesmo sexo.

Da Redação com Contraf-CUT