Deputados, entidades e trabalhadores debatem o agravamento das condições de trabalho e avanço do adoecimento psíquico entre os trabalhadores da instituição
Na próxima segunda-feira (1º/12), a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados realizará uma audiência pública para discutir a crescente precarização das condições de trabalho no Banco do Brasil. A audiência foi convocada pela deputada Erika Kokay (PT-DF) e está marcada para as 10h, no plenário 12 da CLDF.
O debate foi motivado pelos impactos das reestruturações internas conduzidas nos últimos anos, que envolveram fechamento de agências, redução do número de funcionários e aumento das metas, sobrecarregando ainda mais quem permanece na ativa.
Entre os principais pontos de alerta estão os reflexos dessas mudanças na saúde dos empregados. O cenário de sobrecarga tem resultado em um aumento significativo de casos de adoecimento psíquico, como estresse crônico, ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Para o presidente da Fetec-CUT/CN, Rodrigo Britto, esse cenário é consequência de uma mudança profunda na atuação do banco ao longo da última década. “O Banco do Brasil, desde 2016, mudou sua missão e, consequentemente, sua forma de atuar no sistema financeiro abandonando seu papel público e priorizando os interesses do capital privado. Com tal prática realizou um processo de reestruturações nas unidades de atendimento, unidades estratégicas e tecnologia precarizando direitos, condições de trabalho e realizando uma exclusão de parcela significativa da população de dentro do Banco. Além disto, com ferramentas de gestão que são usadas para gerar insegurança, medo e ansiedade cresce o número de adoecimentos psíquicos no corpo funcional”.
Na última semana, o Sindicato divulgou o resultado preliminar de uma pesquisa anônima e confidencial feita com os trabalhadores do BB, em que mais de 70% deles demonstram pessimismo quanto ao futuro da instituição. O ambiente foi descrito como “tenso”, “desmotivador”, “hostil” e marcado por “metas abusivas”. E a maioria das avaliações negativas vem de empregados com mais de onze anos de casa, que vivenciaram de forma mais intensa as transformações estruturais.
Britto também alerta que ferramentas de gestão adotadas pela instituição têm contribuído para ampliar o medo, a insegurança e a ansiedade entre os funcionários, intensificando o adoecimento psíquico no corpo funcional. Diante disso, ele defende medidas urgentes: “É necessário, com urgência, revisão do acordo de trabalho de cada funcionário e funcionária, rediscutir as metas abusivas, a estratégia corporativa, respeitar a jornada legal, os direitos trabalhistas, suspender a reestruturação das UEs e Ditec e, principalmente, fortalecer as unidades de atendimento com novo concurso e combatendo o assédio organizacional”.
Para o dirigente, “a audiência pública contribui ao proporcionar o debate sobre a situação de um dos principais bancos públicos do país e de seu funcionalismo, além de possibilitar a definição de encaminhamentos visando construir um BB que atue com responsabilidade social, compromisso com o povo brasileiro e respeito aos direitos da CCT da categoria bancária e do ACT do corpo funcional”.
O Sindicato acompanhará a audiência e reforça a importância da participação da categoria na defesa de condições dignas de trabalho e do caráter público do Banco do Brasil.
Stéffany Santos
Colaboração para o Sindicato
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