Notícias

2 de Dezembro de 2025 às 14:58

Violência e desigualdade tornam mulheres mais vulneráveis ao HIV

Compartilhe

Data estipulada pela Organização das Nações Unidas, 1° de Dezembro é o Dia Internacional de Combate ao HIV/AIDS, que faz parte de um contexto maior, o Dezembro Vermelho, em que são realizadas diversas campanhas e ações sobre o tema. No entanto, a data também faz parte do calendário dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Apesar dos estigmas associados ao HIV, a infecção não se restringe à população LGBTQIA+. Homens e mulheres heterossexuais também são afetados.

De acordo com a Unaids, 44% das novas infecções por HIV no mundo em 2023 foram entre mulheres e meninas. A vulnerabilidade se acentua entre mulheres jovens de 15 a 24 anos, com 570 novas infecções todos os dias em 2024, em nível global.

No Brasil, os dados mais recentes mostram que cerca de 350 mil mulheres vivem com HIV atualmente. O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado no fim no ano passado (2024), mostrava que no ano anterior, foram 16.281 novos casos de infecções, sendo 4.702 em mulheres.

A violência de gênero é um dos principais fatores que ampliam o risco de infecção por HIV entre mulheres. No Brasil, uma mulher sofre violência sexual a cada 46 minutos, de acordo com o Atlas da Violência 2024. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica essa violência como um problema de saúde de proporções epidêmicas, que pode afetar até sete em cada dez mulheres em alguns países.

Essa realidade impacta diretamente sua saúde e autonomia: muitas mulheres, sob ameaça ou medo de represálias, não conseguem exigir o uso de preservativos ou mesmo recusar relações sexuais quando seus parceiros se opõem à proteção. A violência sexual também provoca ferimentos e traumas físicos, que aumentam a chance de transmissão do HIV.

A ONU Mulheres ressalta que esse tipo de violência causa mais mortes e incapacidades entre mulheres em idade reprodutiva do que câncer, malária, acidentes de trânsito e guerras somados. Entre aquelas que vivem com HIV, o trauma decorrente da violência ainda pode dificultar o diagnóstico, o acesso e a permanência no tratamento.

O cenário é ainda mais severo para mulheres trans e pessoas não binárias, que enfrentam níveis extremos de violência motivada pela transfobia e, por isso, maior vulnerabilidade à infecção.

Diante desse quadro, especialistas reforçam um alerta essencial: não é possível reduzir novas infecções por HIV entre mulheres sem enfrentar a violência de gênero, garantindo autonomia, proteção e direitos para todas.

Desigualdades de gênero nos resultados de saúde

O gráfico abaixo mostra que as mulheres têm menos acesso a diagnósticos e tratamentos. Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) proporcionar todo apoio para testagem, acolhimento e tratamento, há fatores que ainda as impedem de buscar ajuda.

systemuploadscksem-tc3adtulo-1jpg-700x460xfit-390b3

Isso significa que mulheres - especialmente as mais jovens e negras - demoram mais para receber diagnóstico, iniciam mais tarde o tratamento e enfrentam maior estigma e abandono.

Violência que aumenta a vulnerabilidade ao HIV

Entre os fatores que colocam mulheres em risco estão:

  • Violência sexual e coerção que impedem o uso de preservativos
  • Dependência econômica que dificulta a ruptura com parceiros violentos
  • Estigmas que afastam do acesso a testagem e prevenção
  • Tabus culturais que afetam autonomia sexual e reprodutiva

Históricos de violência física ou sexual, sobretudo desde a infância, têm associação direta com maior probabilidade de infecção, conforme organismos internacionais apontam.

“A desigualdade de gênero está na raiz do problema”

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Amanda Corcino, reforça:

“A desigualdade de gênero está na raiz do problema. O enfrentamento à incidência das infecções sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS entre mulheres, especialmente, as mais jovens, deve ter como base uma política pública que envolva não apenas o Ministério da Saúde. É preciso enfrentar, por exemplo, no âmbito da educação, posições retrógradas que dificultam a abordagem da educação sexual nas escolas”.

Amanda destaca que a educação é fundamento essencial para combater discriminação e preconceitos associados ao HIV. “É uma questão de saúde pública e de direitos humanos, que afeta diretamente a vida das trabalhadoras e a sua capacidade de se manterem inseridas no mercado de trabalho de forma digna”.

Ações sindicais salvam vidas

Amanda destaca a atuação do movimento sindical como fundamental na conscientização. “Ao promover ações e campanhas, a CUT pode contribuir para reduzir o impacto do HIV na vida das mulheres, fortalecer sua autonomia e garantir que o ambiente de trabalho seja um espaço de acolhimento e respeito”.

O SUS é do Brasil

“Nós temos o SUS e que temos que valorizá-lo sempre. A política de acolhimento, prevenção e tratamento às pessoas que vivem com HIV Aids foi pioneira e já salvou milhares de vida. Devolve inclusive a autoestima para essas pessoas que são estigmatizadas e discriminadas na sociedade”, diz Amanda Corcino.

Ela reforça que Sistema Único de Saúde é referência ao garantir tratamento gratuito para todas as pessoas que vivem com HIV; testagem rápida e ampla oferta de preservativos, além de acesso a PEP e PrEP, incluindo tratamentos de última geração.

Essa política pública de enfrentamento ao HIV/AIDS foi decisiva para reduzir 56% das mortes relacionadas à AIDS desde 2010. Além disso, manteve mortalidade em 3,9 óbitos em 2023 a menor da série histórica e expandiu o diagnóstico em gestantes para mais de 95% no pré-natal,

Ainda assim:

  • Apenas 8,8% das pessoas que usam PrEP no país são mulheres
  • 52,9% das pessoas vivendo com HIV já sofreram algum tipo de discriminação

Ou seja: há acesso, mas barreiras sociais e de gênero impedem que mulheres usufruam plenamente dos serviços existentes.

O HIV pode acontecer com qualquer pessoa, independe da classe, cor, expressão ou identidade de gênero. Por medo do julgamento, muitas pessoas deixam de fazer o teste e de buscar tratamento, entre elas as mulheres vítimas de violência, o que mantém a epidemia ativa e invisível.

“Por isso, é preciso que a sociedade, os parentes, amigos e amigas, as pessoas próximas, cumpram o papel de ser uma rede de apoio à mulher, denunciando casos de violência, orientando e dando suporte para, em casos de violência sexual, a mulher poder buscar além da punição do agressor, os cuidados com o próprio corpo”, diz Amanda.

Dados sobre Indetectável = Intransmissível (I=I)

Pessoas que vivem com HIV e seguem o tratamento podem alcançar carga viral indetectável, o que significa zero risco de transmissão sexual.

Esse conhecimento científico reduz o estigma, fortalece a dignidade e a autonomia de quem vive com HIV.

Fonte: CUT

Acessar o site da CONTRAF
Acessar o site da FETECCN
Acessar o site da CUT

Política de Privacidade

Copyright © 2025 Bancários-DF. Todos os direitos reservados

BancáriosDF

Respondemos no horário comercial.

Olá! 👋 Como os BancáriosDF pode ajudar hoje?
Iniciar conversa