Um vídeo recente do canal Psicologia Rap, apresentado pelo psicólogo e comunicador Marcelo Machado, reacendeu o debate sobre o fechamento de agências bancárias e o impacto da automação sobre o trabalho e a vida da categoria. No conteúdo, Marcelo faz um react à música “Robô Latrou”, de GOG, em parceria com AfroReggae, Luan Almeida e Tabata Lorena, cuja letra denuncia a redução de postos de trabalho, a substituição do atendimento humano por máquinas e a desumanização das relações de trabalho no setor financeiro. Durante o vídeo, Marcelo destaca que 1.774 agências foram fechadas apenas em 2024, resultando também na eliminação de cerca de 70 mil empregos ao longo dos últimos anos, mesmo em um cenário de lucros bilionários registrados pelos grandes bancos.
Ao comentar o trecho da canção que repete a frase “Um robô me roubou”, Marcelo explica que a crítica vai além da metáfora. Segundo ele, o avanço da automação e dos serviços digitais, quando conduzido sem políticas de proteção, afeta diretamente a saúde mental, o tempo de trabalho e a dignidade das trabalhadoras e trabalhadores. Ele observa que o problema não está na tecnologia em si, mas no modo como ela tem sido usada: não para melhorar a vida das pessoas, mas para cortar custos e aumentar margens de lucro.
Marcelo afirma que, se a tecnologia fosse implementada para reduzir a carga de trabalho, garantir mais tempo com a família, facilitar o atendimento e promover bem-estar, ela seria bem-vinda e representaria avanço social. No entanto, o que se vê é que a redução de equipes intensifica a pressão sobre quem permanece, aumenta metas, amplia o estresse e gera adoecimento físico e emocional.
O comunicador também chama atenção para o impacto sobre a população. Para muitas pessoas, especialmente idosas, periféricas ou com pouca familiaridade com aplicativos e plataformas digitais, o fechamento das agências significa perda de acesso, desamparo e ruptura no direito ao atendimento presencial. O vídeo ressalta que o usuário muitas vezes desconta sua frustração no trabalhador bancário, sem perceber que esse profissional também é vítima da mesma política de redução de custos.
Ao final, Marcelo afirma que o debate sobre o futuro do trabalho bancário precisa considerar os efeitos humanos da automação e lembra que a defesa de condições justas é parte da luta histórica por direitos. Ele destaca ainda que a música de GOG funciona como um chamado à reflexão coletiva, especialmente porque articula cultura, política e cotidiano de forma sensível e direta.
A discussão trazida pelo vídeo reforça a necessidade de afirmar o óbvio: tecnologia não pode substituir cuidado, relação humana e dignidade. E quando os bancos escolhem o caminho da simplificação baseada apenas na lógica do lucro, quem paga o preço é o trabalhador e toda a sociedade.
Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato
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