O ex-presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, foi condenado na terça-feira (17) pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) a 12 anos de prisão. A ação foi ajuizada pelo Ministério Público do DF (MPDFT), e Tarcísio já recorreu da decisão.
Num processo que se desenrola desde a sua prisão preventiva pela Operação Aquarela, em 2007, o Ministério Público acusa Tarcísio de celebrar contratos de patrocínio de equipes automobilísticas sem licitação, entre 2003 e 2006, no valor de cerca de R$ 965 mil. Ainda durante o último governo Roriz, encerrado em 2006, o Sindicato e a deputada distrital Erika Kokay recorreram ao MPDFT com reiteradas denúncias de práticas ilegais da gestão de Tarcísio no BRB. As denúncias resultaram na Operação Aquarela, executada pela Polícia Civil do DF em 2007, para apurar os indícios de má conduta na direção do banco.
Tarcísio Franklin foi indicado para a presidência do BRB em 1999 por Joaquim Roriz, que assumia o GDF pela terceira vez. Ele permaneceu no cargo até 2006 e, durante esse período, teria protagonizado inúmeras irregularidades, que viriam a público em 2007 por meio da Operação Aquarela. Tarcísio foi apontado como o interlocutor de Roriz na famosa escuta telefônica que daria origem ao escândalo da bezerra de ouro, ao ser pego viabilizando a bagatela de R$ 2,2 milhões com o ex-governador. A pedido de Roriz, Tarcísio descontou o cheque sem passar pela compensação bancária. Mais tarde, Roriz explicou que o dinheiro seria usado para pagar por uma bezerra.
O escândalo detonado pela Operação Aquarela também seria responsável pela renúncia de Joaquim Roriz ao cargo de Senador, em 2007, com a finalidade de escapar de uma possível cassação. Foi com base nessa renúncia que o TRE-DF julgou Roriz, que é candidato ao GDF no pleito de outubro, inelegível para qualquer cargo público até 2023.
“Durante os dois governos Roriz, o Sindicato dos Bancários sempre denunciou fartamente as práticas de Tarcísio e de outros membros da gestão do banco, todos indicados pelo Roriz. Nosso papel foi fundamental para o trabalho do MP”, afirma Antonio Eustáquio, diretor do Sindicato.
“Esperamos que a justiça haja no interesse da coisa pública, punindo aqueles que se achavam acima da lei e chegaram a colocar em risco a própria existência do BRB enquanto banco público. Foram justamente escândalos como esses que o Arruda, no GDF, utilizou como argumento para tentar privatizar o banco, embora com o Arruda outros escândalos tenham ocorrido”, lembra Cida Sousa, diretora do Sindicato.
“A população do DF e os funcionários do BRB merecem ver seu patrimônio tratado com respeito e probidade, dada a importância do banco para o desenvolvimento da cidade. Ninguém sabe como ficará a situação do BRB se o Roriz vier a se eleger governador do DF pela quinta vez, embora, pelo histórico, é provável que novos desmandos ocorram”, destaca André Nepomuceno, secretário-geral do Sindicato.